Andaluzia, que em castelhano é Andalucía, é uma comunidade autônoma da Espanha localizada na parte meridional do país. Seu limite regional é definido por Portugal a oeste, Pela Estremadura, Castela-mancha e Múrcia ao norte e por Gibraltar ao sul. Com uma costa de cerca de 910 quilômetros, é banhada pelo Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo.
Sendo uma comunidade autonôma desde 1982, Andaluzia é o foco da nossa primeira série de Lendas Urbanas da Espanha, e não deixa a desejar em suas histórias. Vamos conhecer melhor o povo de lá através das lendas contadas de pais para filhos?
O barco de arroz
Na zona sul de Andaluzia é bem comum se ouvir a expressão “mas perdió que el barco del arroz”. O que temos para te contar é a história por trás dessa expressão, que tem origem em um grupo de lendas urbanas que começaram na década de 40.
Em 1940 um barco carregado de arroz partiu da Argentina em direção a Tarifa com a intenção de aliviar a fome das pessoas que enfrentavam uma guerra civil. Porém, o barco de nome Alcatraz nunca chegou ao seu destino, e sem saber ao certo que havia acontecido com ele, os moradores passaram a criar teorias e histórias que incluíam muito mistério e mito. A versão mais aceita, no entanto, é a de que o barco teria afundado ou se perdido, criando assim a expressão que citamos acima “Mais perdido que o barco de arroz”.
Mas não pense que acabou por aí. Aparentemente os habitantes de Andaluzia não têm muita sorte com embarcações carregadas de arroz, o que só reforçou as teorias mirabolantes em cima do sumiço misterioso. Em 1950, um barco carregado de arroz se desprendeu do cais de Cadís enquanto estava ancorado, foi arrastado pela corrente e perdeu toda sua carga.
Como se não bastasse, 30 anos mais tarde um barco faz um carregamento de arroz em Sevilha com destino a Etiópia, parte tranquilamente e nunca chega ao seu destino, deixando as pessoas novamente sem entenderem o que aconteceu.
Para reforçar ainda mais a lenda urbana, o barco Weisshorn conseguiu chegar em águas espanholas, mas teve um fim trágico. Devido a maré baixa ele encalhou na plataforma continental e se dividiu em dois, onde permanece e pode ser visto até hoje. Mesmo que a tripulação tenha se salvado inteiramente e o barco não tenha sumido como os outros, a história se repete e enfatiza a falta de sorte da população com navios e cargas de arroz.
Até hoje não se tem uma explicação plausível para os acontecimentos, e tudo que resta são os contos e teorias passados por gerações sobre os estranhos acontecimentos.
O filho de Guzmán – O Bom
Conhecido como “Guzmán – O Bom”, Alonso Pérez de Guzmán foi um nobre nascido no século XIII que foi incumbido de defender Tarifa pelo Rei Sancho IV, após ter sido ameaçado pelas tropas do Don Juan.
Diz a lenda que Guzmán não aceitou entregar o castelo e teve seu filho raptado pelo inimigo, que ameaçou cortar a garganta do rapaz em frente aos portões da fortaleza. Antes mesmo de demonstrar qualquer tipo de fraqueza, Guzmán teria, de dentro do castelo, lançado uma faca oferecendo-a ao inimigo para que matassem o próprio filho. Diz um antigo romance ainda, que ao lançar a faca Guzmán disse “Mate-o com este punhal, se vocês o determinaram, que o que eu mais quero é a honra sem um filho, do que esse filho com a minha honra manchado”, e que esta demonstração de lealdade teria sido o motivo para o rei ter concedido ao Alonso o nome de “Senhorio de Salúncar” e seu apelido – “O Bom”.