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Os hispanofalantes: Paraguai

No post deste mês para a série dos hispanofalantes, vamos voltar para a América do Sul e falar sobre um vizinho nosso muito conhecido, mas que ao mesmo tempo ainda temos muito a aprender sobre ele. Sendo assim, hoje vamos nos aventurar pelo Paraguai, entrar em contato com sua rica história e cultura e mostrar que este país é muito mais do que somente um destino para compras.

 

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Informações gerais

Os hispanofalantes: Paraguai

Jonas de Carvalho via Wikimedia Commons

Nome oficial: República do Paraguai

Capital: Assunção

Área: 406.752 km²

Tipo de governo: república presidencialista

População: 7.522.549 habitantes

Maiores cidades: 1) Assunção; 2) Ciudad del Este; 3) Luque; 4) San Lorenzo; 5) Capiatá

PIB total: $108,022 bilhões (2023)

PIB per capita: $15.700 (2023)

Principais produtos agrícolas: 1) soja; 2) milho; 3) cana-de-açúcar; 4) trigo; 5) mandioca

Principais indústrias: 1) açucareira; 2) têxtil; 3) comidas e bebidas; 4) cimento; 5) energia hidrelétrica

Moeda: guarani paraguaio

Documentos de entrada para turistas brasileiros: como Brasil e Paraguai fazem parte do Mercosul, as exigências para turistas brasileiros com estadias até 90 dias são bem mais facilitadas. Normalmente, é necessário apresentar:

  • Passaporte válido ou RG com foto recente
  • Comprovante de renda durante a estadia
  • Comprovante de hospedagem (reserva em hotel ou carta-convite em casa de particulares)
  • Passagens de ida e volta
  • Entrada terrestre: se os turistas brasileiros forem entrar no Paraguai por carro, também é necessário apresentar uma CNH válida, documento brasileiro de propriedade do veículo e seguro do automóvel

 

Obs. Não é necessário, mas é altamente recomendável tomar a vacina contra febre amarela!

 

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Breve história do país

Antes da chegada dos espanhóis, o território do Paraguai já era habitado por diversas tribos indígenas, sendo a maioria delas pertencentes ao tronco linguístico guarani. Nos primeiros anos de 1500, alguns exploradores europeus chegaram até terras paraguaias em pequenas expedições, mas foi somente a partir de 1537 com a fundação da capital Assunção por Juan de Salazar y Espinosa que o projeto colonial espanhol realmente tomou forma naquela parte da América do Sul, se tornando também um ponto estratégico para a expansão espanhola até regiões mais afastadas do continente.

Durante o período colonial, uma grande quantidade de padres jesuítas migraram para este território (assim como para outras localidades na Argentina e no Brasil) e fundaram as “missões”, pequenos assentamentos que serviam tanto para catequizar os indígenas quanto para protegê-los de caçadores de escravos. Eventualmente, em 1767 os jesuítas foram expulsos do Império Espanhol e, consequentemente, suas missões foram encerradas. Apesar disto, as ruínas destes monumentos foram capazes de resistir ao tempo e ainda podem ser visitadas a exemplo das Misión de Jesús de Tavarangüé e Misión de La Santísima Trinidad de Paraná, ambas consideradas Patrimônios da Humanidade pela UNESCO.

Após séculos de colonização, o Paraguai finalmente declarou sua independência em 15 de maio de 1811 de forma pacífica e obteve um considerável sucesso, especialmente quando comparado a alguns de seus vizinhos que só conseguiram o mesmo feito por uma demorada via militar. Assim, ele se tornou o primeiro país da América do Sul e o terceiro em todo continente americano a se tornar um Estado independente (atrás apenas de EUA e Haiti).

Contudo, isso não impediu que o Paraguai passasse por difíceis provações tempos depois. Um destes períodos de instabilidade foi com o governo de José Gaspar Rodríguez de Francia, um dos líderes revolucionários pela independência e que governou o Paraguai sob o título de “Ditador Perpétuo” de 1816 até sua morte em 1840. Durante este período, o país esteve isolado do resto do mundo, não permitindo que pessoas entrassem ou saíssem de lá.

Já com Carlos Antonio López (1844-1862) o Paraguai se beneficiou de uma série de modernizações não somente na área política e social, mas também econômica. Entretanto, tal avanço foi interrompido com a sua morte, já que apenas dois anos após a sucessão de seu filho, Francisco Solano López (1862-1870), a Guerra do Paraguai (1864-1870) eclodiu, colocando de um lado o Paraguai contra a aliança tríplice de Argentina, Brasil e Uruguai.

Ainda existe muita controvérsia em torno da figura de Solano López e o seu papel neste confronto, pois enquanto alguns o veem como um ditador com desejos expansionistas, dentro do Paraguai ele é aclamado como um herói nacional. Seja como for, fato é que a Guerra do Paraguai se coloca até hoje como o maior conflito armado já ocorrido na América Latina, tendo sido responsável por ceifar a vida de milhares de pessoas. Apenas analisando o Paraguai, que perdeu a guerra, estima-se que quase 70% da população masculina padeceu por conta destes terríveis embates.

Com o fim da guerra, o Paraguai enfrentou um longo processo de reconstrução que contou com altos e baixos. O país ainda se envolveria em mais uma disputa militar, desta vez com a Bolívia na chamada Guerra do Chaco (1932-1935), e saiu vitorioso. Já em 1954, o general Alfredo Stroessner assumiu o poder e governou o Paraguai como uma ditadura por mais de 30 anos, sendo responsável por uma série de repressões e violações a direitos humanos. Somente em 1989 Stroessner foi deposto e o país pode retornar para a via democrática.

Atualmente, o Paraguai é governado por Santiago Peña Palacios que ocupa o cargo de presidente desde agosto de 2023.

 

Curiosidade 1: Influência guarani

Uma das características mais marcantes da cultura paraguaia está relacionada à enorme influência exercida pelo povo guarani em cada detalhe do dia a dia do país.

Primeiramente, o Paraguai, juntamente com a Bolívia e o Peru, são os únicos países da América do Sul que incluem línguas indígenas entre os seus idiomas oficiais. No caso do Paraguai, é fácil de perceber como o guarani divide espaço de igual importância com o espanhol tanto em documentos oficiais quanto nos sites governamentais.

Os hispanofalantes: Paraguai

Mirtha Rodríguez Rojas via Unsplash

De fato, pesquisas apontam que mais de 80% da população sabe se comunicar em algum grau neste idioma originário, o qual é homenageado anualmente todo dia 25 de agosto. Também é interessante notar a existência de uma variedade linguística chamada de jopara/yopará e que se apresenta como um dialeto que mescla elementos de ambas as línguas.

Partindo para a gastronomia, a presença guarani neste campo é igualmente forte com iguarias como a sopa paraguaia, feita à base de milho, ou o tereré, uma infusão fria de erva-mate e que também é muito consumida nos estados brasileiros de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Ainda há outros inúmeros exemplos da presença guarani no Paraguai que se manifestam em diferentes áreas como na música, no artesanato e no folclore local.

 

Curiosidade 2: A harpa paraguaia

Mais do que um instrumento musical, a harpa paraguaia é considerada um símbolo de orgulho nacional e está presente nos principais ritmos tradicionais do país como a polca paraguaia e a guarânia.

Sua origem remonta à harpa europeia trazida pelos jesuítas até as missões paraguaias como meio de facilitar o processo de catequização através da música. Com o passar do tempo, o instrumento foi sendo modificado e adaptado para o gosto, necessidades e costumes locais. Atualmente, a harpa paraguaia tem entre 32 e 40 cordas, sendo menor e mais leve que a harpa clássica, o que facilita seu transporte. Além disso, ela também costuma ter ricos entalhes ao longo de todo seu corpo de madeira, o que torna o objeto uma obra de arte ainda mais bela.

Os hispanofalantes: Paraguai

Lety Peralta via Wikimedia Commons

Apesar do carinho dos paraguaios para com seu instrumento típico, a notoriedade internacional da harpa paraguaia só deslanchou realmente a partir do século XX graças ao trabalho de talentosos harpistas como Félix Pérez Cardozo e Luis Bordón. Hoje em dia, sua presença é registrada em diferentes concertos ao redor do mundo principalmente quando eles são destinados a promover a cultura paraguaia ou latino-americana, sendo bastante apreciada em países como EUA, Austrália e Japão. Já em sua terra natal, desde 1997 o dia 9 de junho é reservado para comemorar o Dia Nacional da Harpa Paraguaia.

Caso tenha se interessado, abaixo nós trazemos um breve vídeo que mostra a sonoridade deste magnífico e ao mesmo tempo delicado instrumento:

 

 

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Personalidade ilustre: Luz María Bobadilla

Ainda nos mantendo no reino da música, vamos aproveitar para conhecer outra ilustre representante paraguaia. Luz María Bobadilla nasceu em Assunção no dia 1 de agosto de 1963 e é uma renomada violonista clássica.

Por ter nascido em uma família de músicos (seu pai, Andrés Bobadilla, era compositor e tocava diversos instrumentos), Luz María cresceu familiarizada a este ambiente e ao longo dos anos desenvolveu seu próprio gosto musical, se destacando especialmente com o violão. Aos 15 anos, ela já tinha apresentado seu primeiro concerto solo e continuou aprimorando suas habilidades com o violão clássico nos anos subsequentes, graças à orientação de grandes mestres.

Em 1982 começou a cursar Ciências Contábeis na Universidad Católica Nuestra Señora de la Asunción (UC) e, em paralelo, evoluía tanto sua técnica quanto sua performance como violonista. Em 1987, ganhou a Medalha de Ouro do Centro de Violão Clássico do Paraguai.

De lá para cá, Luz María tem sido reconhecida ao redor do mundo pela qualidade de seu trabalho, em especial pela interpretação das obras de seu conterrâneo, Agustín Barrios Mangoré. Além de suas apresentações, também se dedica a transmitir seus conhecimentos tanto dentro do Paraguai (no Conservatório Nacional de Música e na Escola de Violão “Luz María Bobadilla”) quanto em outros países da América Latina como Brasil, Costa Rica e Chile.

No vídeo abaixo, você pode conferir um trecho da apresentação desta violonista tão habilidosa:

 

 

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Esperamos que tenha gostado do post de hoje. Nos vemos na próxima semana!

 

¡Hasta luego!

Esther Fuentes
Esther Fuentes