Um dos países mais conhecidos da América do Sul e também um dos destinos favoritos dos brasileiros na América Latina, o Peru é uma terra cheia de descobertas e encantos. De sua deliciosa gastronomia, até paisagens naturais espetaculares e monumentos que resgatam o apogeu do Império Inca, o Peru com certeza é tudo isso e muito mais!
Por isso, venha conosco e descubra mais sobre a cultura e história do nosso vizinho tão fascinante neste novo post para a série dos hispanofalantes.
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Informações gerais
Nome oficial: República do Peru
Capital: Lima
Área: 1.285.216 km²
Tipo de governo: república semipresidencialista
População: 32.600.249 habitantes
Maiores cidades: 1) Lima; 2) Arequipa; 3) Trujillo; 4) Chiclayo; 5) Iquitos
PIB total: $ 517,644 bilhões (estimativa 2023)
PIB per capita: $ 15.100 (estimativa 2023)
Principais produtos agrícolas: cana-de-açúcar, batata, arroz, banana, leite, etc.
Principais indústrias: mineração e refino de minérios, aço, extração e refino de petróleo, gás natural, pesca, etc.
Moeda: sol peruano
Documentos de entrada para turistas brasileiros: para turistas brasileiros que permanecerem no Peru por um prazo de até 90 dias só precisarão apresentar os seguintes documentos:
- Passaporte válido (mínimo 6 meses) ou RG com foto recente
- Comprovante de renda durante a estadia
- Comprovante de hospedagem
- Passagens de ida e volta
- Não é obrigatório, mas é altamente recomendável que se tome a vacina contra febre amarela antes da viagem
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Breve história do país
O Peru possui uma rica história com registros de diversas civilizações altamente avançadas para sua época e que existiram muito antes da chegada dos espanhóis (algumas, aliás, antes dos próprios Incas). Devido à importância destes povos para a identidade peruana, este assunto será apresentado em mais detalhes no tópico abaixo.
Por ora, basta dizer que antes dos primeiros espanhóis se estabelecerem no território peruano, a região já era habitada por uma variedade de etnias como os aimará, quéchua, uros, entre outros. A conquista do Peru aconteceu de maneira um pouco diferente que em outros locais na América Hispânica, partindo do Panamá. Acredita-se que um dos primeiros exploradores espanhóis que buscou pela misteriosa terra de “Birú”, governada pelo Império Inca, tenha sido Pascual de Andagoya graças a relatos que escutou, porém a empreitada não seguiu adiante.
Esta tarefa passou para Francisco Pizarro que zarpou de um porto panamenho em novembro de 1524 para o território do Peru. O Império Inca, por sua vez, estava enfraquecido devido à guerra civil que se instaurou em seus domínios para decidir quem ocuparia o trono, o qual colocou em lados opostos os irmãos Huáscar e Atahualpa. Este último, por fim, foi quem saiu vitorioso e se tornou o novo Inca.
Contudo, seu reinado teve vida curta, já que durante um encontro com Pizarro em novembro de 1532 a comitiva de Atahualpa foi pega em uma emboscada e seu líder, morto meses depois. Aproximadamente um ano se passou até que os espanhóis tomaram a capital do império, Cusco, em novembro de 1533, contando como aliados tanto a linhagem preterida de Huáscar quanto outros grupos indígenas que buscavam se livrar da dominação do então império.
Para consolidar este feito, os espanhóis puseram Manco Inca no poder com o objetivo de transformá-lo em um fantoche da Coroa Espanhola. Entretanto, o novo governante Inca, uma vez empossado, se recusou a obedecer os espanhóis e organizou um exército de resistência ao seu favor, ação esta que também desencadeou uma resposta militar do outro lado.
Os europeus acabaram por ser os vitoriosos deste embate, enquanto os remanescentes de Manco fugiram para Vilcabamba, último bastião Inca que sucumbiu para os espanhóis em 1572 e seu último líder, Túpac Amaru I, foi executado. Com o domínio da Coroa Espanhola, a região fez parte do Vice-Reino do Peru oficialmente de 1542 até sua independência em 1824 (vale mencionar, contudo, que José de San Martín já tinha proclamado o Peru como uma nação livre desde 1821).
Os séculos seguintes após a independência foram de altos e baixos para a política peruana, sendo que o país alternou entre períodos de maior estabilidade com outros altamente tumultuosos, contando com golpes de Estado, guerras fronteiriças contra Chile (1879-1883) e Equador (1941-1942), conflitos com grupos terroristas internos como o Sendero Luminoso, bem como pesadas ditaduras, sendo uma das mais famosas a de Alberto Fujimori (1990-2000).
Atualmente, o Peru é governado por Dina Boluarte, advogada peruana e primeira mulher a ocupar a presidência no Peru.
Curiosidade 1: civilizações pré-hispânicas
Como falamos anteriormente, muito antes do Peru ser dominado pelos espanhóis o seu território já era habitado por diversos grupos indígenas que influenciaram uma variedade de aspectos culturais ainda hoje presentes no país. Normalmente, quando pensamos nos povos originários do Peru é comum que nossa mente nos leve imediatamente aos Incas, já que eles realmente formaram um grande império (Tahuantinsuyo em quéchua) que controlou não somente o Peru, mas também partes de Bolívia, Colômbia, Argentina, Chile e Equador desde o século XIII até início do século XVI.
Contudo, os primeiros registros de atividade humana são muito mais antigos, remontando a 11 mil anos antes de Cristo. Dentre os povos que ocuparam a região, acredita-se que o início de um assentamento mais complexo ocorreu a partir da civilização Caral, a qual residiu na área norte-central do país, entre 3.500 e 1.800 a.C. De fato, estudos arqueológicos recentes atestam que a Ciudad Sagrada de Caral-Supe foi erguida aproximadamente há 2.600 a.C., o que colocaria este grupo na mesma época de outras importantes civilizações como o Antigo Egito, a China Antiga e a civilização do Vale do Indo.
Outros grupos peruanos relevantes que vale a pena serem mencionados são os da cultura Moche, que floresceu principalmente entre os séculos II e VII d.C., e os da cultura Nazca, famosos pelos enormes geóglifos com desenhos variados que só podem ser vistos a uma altura razoavelmente distante do solo. Já no altiplano andino, a cultura Tiahuanaco, cujo núcleo surgiu a partir do lago Titicaca (fronteira entre Peru e Bolívia), também se expandiu para diferentes regiões da América do Sul, sendo que seus objetos e monumentos podem ser vistos até os dias de hoje.
Curiosidade 2: paisagens de tirar o fôlego
Graças à contribuição destes grupos, o Peru até hoje possui paisagens de tirar o fôlego, sendo muitas delas já reconhecidas como patrimônios da humanidade pela UNESCO como a cidade de Cusco, antiga capital do Império Inca, e o santuário histórico de Machu Picchu. Além deles, outras construções humanas que também estão entre as mais visitadas do país são Ollantaytambo, Písac e Sacsayhuaman, na região do Vale Sagrado dos Incas.
Juntamente com estes monumentos, o Peru proporciona aos visitantes experiências naturais igualmente espetaculares das quais se destacam entre os turistas a Montanha Arco-Íris (Vinicunca), o Parque Nacional de Huascarán e o lago Titicaca.
Como apenas falar sobre estas maravilhas não seria suficiente, no vídeo abaixo você pode conferir com seus próprios olhos algumas das localidades mais bonitas do Peru:
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Personalidade ilustre: Mario Vargas Llosa
Jorge Mario Pedro Vargas Llosa é um escritor, jornalista e político peruano-espanhol nascido em Arequipa no dia 28 de março de 1936. Filho único do casal Ernesto Vargas Maldonado e Dora Llosa Ureta, o pequeno Jorge Mario passou grande parte da sua primeira infância em Cochabamba (Bolívia), depois que seus pais se separaram. Na década de 1940, sua mãe retornou ao seu país natal para morar em Piura quando o avô de Vargas Llosa foi nomeado para ocupar um cargo administrativo na política local. Em 1946, a família se mudou para Lima onde o garoto finalmente conheceu o pai, momento este que Ernesto e Dora também se reconciliaram.
Em 1953, Vargas Llosa começou a cursar Letras e Direito na Universidad Nacional Mayor de San Marcos (Lima) e desde o início se envolveu com a política estudantil. Com o tempo, suas visões políticas foram mudando de uma postura socialista a favor da Revolução Cubana para um posicionamento mais liberal, tendo inclusive se candidatado para a disputa presidencial do seu país em 1990.
Apesar de sua atuação política, Vargas Llosa é reverenciado ao redor do mundo principalmente por causa da sua produção literária de qualidade, sendo capaz de escrever em diferentes estilos literários com maestria. Suas obras mais destacadas são La ciudad y los perros, La tía Julia y el escribidor, La Casa Verde e Conversación en la catedral. Observa-se uma forte veia autobiográfica em seus escritos que também são marcados pelo questionamento às hierarquias sociais na América Latina bem como à luta dos direitos individuais frente a um poder tirano.
Por conta do valor das suas obras e por ser um dos maiores ícones do boom literário latino-americano, Vargas Llosa já foi homenageado várias vezes com diferentes prêmios entre eles o Prêmio Nobel de Literatura (2010), Prêmio Miguel de Cervantes (1994) e Prêmio Príncipe das Astúrias (1986). Como jornalista, Vargas Llosa já prestou serviços para grandes veículos de comunicação como o France Press, El País e até para o brasileiro Estadão.
Desde o início dos anos 2000, Vargas Llosa reside na Espanha, país o qual também detém nacionalidade desde 1993. Em 2011, o escritor ganhou o título nobiliárquico de marquês pelo Estado espanhol. Já em 2021, foi aceito como um membro da Academia Francesa de Letras. Por fim, desde 2023, ele também detém nacionalidade dominicana.
Atualmente, o escritor de 88 anos divide seu tempo entre as cidades de Madri e Lima.
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Esperamos que tenha gostado do post de hoje. Nos vemos na próxima semana!
¡Hasta luego!