Vamos retomar a nossa série sobre os hispanofalantes e dessa vez viajaremos até o Caribe para conhecer um pouco mais sobre a fascinante República Dominicana. Vamos lá?
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Informações gerais

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Nome oficial: República Dominicana
Capital: Santo Domingo (São Domingos)
Área: 48.442 km²
Tipo de governo: república presidencialista
População: 10.815.857 habitantes (estimativa 2024)
Maiores cidades: Santo Domingo Este, Distrito Nacional, Santiago de los Caballeros, Santo Domingo Norte e Higuey
PIB total: $261,616 bilhões (estimativa 2023)
PIB per capta: $23.100 (estimativa 2023)
Principais produtos agrícolas: cana-de-açúcar, banana, mamão, arroz, leite, etc.
Principais indústrias: turismo, açucareira, mineração (ouro), têxteis, cimento, etc.
Moeda: peso dominicano
Documentos de entrada para turistas brasileiros: para fins exclusivamente turísticos, os brasileiros não precisam de visto para a República Dominicana, sendo necessário apenas:
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Passaporte válido durante todo o período de estadia
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Preenchimento do formulário eletrônico de entrada e saída chamado “e-ticket”
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Adquirir um cartão de turista ainda dentro do próprio aeroporto dominicano (atualmente a taxa gira em torno de US$10)
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Apresentação de Certificado Internacional de Vacinação (CIV) contra a febre amarela
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Comprovante de renda durante toda a estadia
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Passagens de ida e volta
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Seguro-viagem não é obrigatório, mas é altamente recomendável
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Breve história do país
A história da República Dominicana é muito similar a de outros países na América Latina, mas traz consigo a distinção de ter sido um dos primeiros assentamentos europeus no continente.
Na época pré-colombiana, o país era ocupado majoritariamente pelo grupo indígena taíno (também presente em outras parte do Caribe como Porto Rico). Com a chegada de Cristóvão Colombo em 5 de dezembro de 1492, a ilha foi nomeada Hispaniola (La Española) e os primeiros núcleos europeus foram surgindo como La Isabela, primeiro local construído pelos europeus no Novo Mundo em 1494, sendo hoje um importante sítio arqueológico. Já a capital Santo Domingo existe desde 1498 e é até os dias atuais o principal núcleo urbano do país.

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Com a expansão do Império Espanhol para outras colônias consideradas mais lucrativas como México e Peru, a ilha de Hispaniola foi gradualmente perdendo seu posto de relevância, o que foi visto como uma oportunidade para que outros povos europeus tomassem posse de partes do seu território como foi o caso dos franceses que dominaram a porção ocidental da ilha e posteriormente criaram a colônia do Haiti, a qual, por sua vez, se tornou a primeira nação independente da América Latina em 1791.
O lado oriental, correspondente à atual República Dominicana, permaneceu sob controle espanhol até o começo do século XIX quando a população local, inspirada por outros movimentos independentistas do continente, proclamaram-se como uma nação livre em 1821. Porém, este sonho de liberdade durou pouco tempo já que em 1822 forças do Haiti invadiram o território dominicano e o incorporaram à sua própria república.
A situação perdurou desta forma até 1844 quando os dominicanos entraram em uma violenta guerra de independência contra os haitianos que se arrastou até 1861, ano esse quando as terras dominicanas foram novamente anexadas à Espanha e reconhecidas como um território ultramarino espanhol tal qual Cuba e Porto Rico. Foi somente em 1865 que a República Dominicana conseguiu finalmente se proclamar e manter como um país independente.
Nas décadas seguintes, a República Dominicana passou por altos e baixos na sua política interna, alternando entre governos democráticos em uma época e ditaduras e golpes de Estado em outra. Felizmente, o país goza atualmente de um governo democrático com eleições livres e pacíficas. Desde 2020, é governado por Luis Abinader que ocupará o cargo de presidente reeleito até 2028.
Curiosidade 1: ritmos para ninguém ficar parado
A América Latina é conhecida mundialmente por ser lar de alguns dos ritmos musicais mais animados e procurados por pessoas ao redor do planeta e naturalmente a República Dominicana não poderia ficar de fora desta lista.
Afinal, este pequeno país no Caribe foi responsável por trazer ao mundo ícones musicais como o merengue e a bachata que não somente são considerados Patrimônios Culturais Imateriais pela UNESCO (reconhecidos respectivamente em 2016 e 2019) como também fazem muito sucesso em festas e aulas de dança de salão.
De acordo com estudiosos, as raízes do merengue remontam ao século XIX nas zonas rurais do país. Sua origem exata ainda é incerta, mas acredita-se que seja uma fusão de diferentes ritmos africanos, europeus e indígenas que influenciaram esta dança e música para o modo como conhecemos hoje em dia. É reverenciado como o ritmo dominicano por excelência, sendo que 26 de novembro é comemorado anualmente o Dia Nacional do Merengue.

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Já a bachata é mais recente, de meados do século XX, mas que, tal qual sua predecessora, se apoiou em uma mescla das diferentes manifestações musicais vindas até a República Dominicana por estrangeiros e locais que resultou em um ritmo único e envolvente.
Contudo, a bachata levou um tempo para conquistar o prestígio que recebe hoje em dia. É que por ser um ritmo próprio das camadas mais baixas de Santo Domingo, ela foi inicialmente menosprezada e considerada uma música de menor valor. Foi somente a partir da década de 1980 que a qualidade da bachata foi reconhecida e orgulhosamente exibida como um símbolo dominicano.
Curiosidade 2: patrimônio da humanidade
Se por um lado o merengue e a bachata são considerados tesouros imateriais, por outro há um exemplar ilustre na capital dominicana que faz parte dos monumentos pertencentes aos Patrimônios da Humanidade da UNESCO. Neste caso, trata-se do Centro Histórico de Santo Domingo que está inscrito na lista desde 1990 e ocupa um papel de importância não somente na história do país, mas de todo o continente americano.
Isto porque esta localidade, que funcionava como uma fortaleza, se tornou a primeiro assentamento organizado dos europeus nas Américas. Tendo em vista que foi construído em 1498, apenas 6 anos após a chegada de Cristóvão Colombo, este centro histórico também figura-se como o único núcleo urbano europeu no “Novo Mundo” que foi construído no século XV. Por conta da relevância histórica, arquitetônica e artística que ultrapassa suas fronteiras, o Centro Histórico de Santo Domingo recebeu da UNESCO a honraria adicional de ser considerada uma obra de “Valor Universal Notável”.

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Uma característica interessante é que a estrutura de sua planta se organiza em uma forma semelhante a uma grade, algo que foi posteriormente replicado em outros assentamentos europeus. Dentre os seus monumentos mais importantes destacam-se a primeira catedral das Américas (Basílica de Santa María de la Encarnación), a primeira instituição de ensino superior das Américas (Universidad de Santo Tomás de Aquino – não mais operante) e o primeiro hospital das Américas (Hospital San Nicolás de Bari – não mais operante).
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Personalidade ilustre: Salomé Ureña
Salomé Ureña Díaz de Henríquez nasceu na capital Santo Domingo em 21 de outubro de 1850 e é considerada até os dias atuais uma das principais poetisas do país, tendo seu rosto homenageado na nota de 500 pesos dominicanos ao lado de seu filho, o ensaísta e filósofo Pedro Henríquez Ureña.

Nicolás Copérnico en Biografías y Vidas via Wikimedia Commons (domínio público)
Salomé nasceu em uma família já bem familiarizada com o mundo da escrita e literatura. É filha do advogado e escritor Nicolás Ureña Mendoza com Gregoria Díaz de León, os quais, juntamente com outros parentes, foram os responsáveis pela educação primária de Salomé e de sua irmã Manuela. Seu pai, em especial, foi uma figura central não somente por colocá-la em contato com autores clássicos espanhóis e franceses como de introduzi-la na arte da declamação.
O início de sua carreira literária começou aos 15 anos quando desenvolveu seus primeiros versos e já aos 17 a menina teve suas primeiras obras publicadas sob o pseudônimo de “Herminia”. Desde aquele momento, o estilo poético de Salomé foi aclamado por sua espontaneidade e doçura. Com o passar do tempo, seus poemas passaram a transmitir uma gama mais profunda e variada de sentimentos, assumindo perspectivas ora mais trágicas, ora mais patrióticas ou até autobiográficas. Dentre suas obras, destacam-se: A mi Madre, Ofrenda a la Patria, El Ave y el Nido e Sombras.
Salomé Ureña faleceu aos 46 anos devido a uma tuberculose e foi enterrada na igreja Nuestra Señora de las Mercedes. Posteriormente, seus restos foram transferidos para o Panteón de la Patria em Santo Domingo, onde permanecem lá até hoje.
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Esperamos que tenha gostado do post de hoje. Nos vemos na próxima semana!
¡Hasta luego!