Os hispanofalantes: México | Cultura Espanhola
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Os hispanofalantes: México

Neste mês, a série dos hispanofalantes vai falar sobre um dos países mais conhecidos e queridos pelos brasileiros em toda a América Latina: hoje é dia de explorarmos mais sobre o México!

Com uma cultura exuberante e lar de fascinantes civilizações, o México atrai a atenção dos brasileiros por diversos motivos, seja por sua história, seus coloridos festivais ou pela deliciosa gastronomia. Aliás, já tratamos sobre o país em alguns posts do blog, sendo um dos mais recentes sobre o célebre Dia dos Mortos. Porém, dessa vez vamos nos aprofundar um pouco mais e apresentar algumas informações básicas para quem pretende visitar o México bem como alguns fatos históricos e culturais que com certeza farão você se encantar por esta terra! Vamos lá?

 

Sugestão: Os hispanofalantes: Honduras

 

Informações gerais

Os hispanofalantes: México

Jorge Zapata via Unsplash

Nome oficial: Estados Unidos Mexicanos

Capital: Cidade do México

Área: 1.964.375 km²

Tipo de governo: república federal presidencialista

População: 130.739.927 habitantes

Maiores cidades: 1) Cidade do México; 2) Guadalajara; 3) Monterrey; 4) Puebla; 5) Tijuana

PIB total: $ 2,583 trilhões (estimativa 2022)

PIB per capita: $ 20.300 (estimativa 2022)

Principais produtos agrícolas: 1) milho; 2) abacate; 3) tomate; 4) pimentão; 5) cana-de-açúcar

Principais indústrias: 1) automobilística; 2) alimentos e bebidas; 3) tabaco; 4) produtos químicos; 5) petróleo e gás

Moeda: peso mexicano

Documentos de entrada para brasileiros: até algum tempo atrás, turistas da América do Sul não precisavam de visto para entrar no México, mas devido a algumas mudanças nas leis de imigração agora esse documento também é necessário para turistas sul-americanos, o que inclui os brasileiros. Porém há algumas exceções em que o visto é dispensável:

  • Brasileiros portadores de um passaporte ou documento de residência permanente proveniente do Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, Japão, qualquer um dos países do Espaço Schengen bem como membros da Aliança do Pacífico
  • Brasileiros portadores de um visto válido e vigente para os Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Japão ou qualquer um dos países do Espaço Schengen
  • Os brasileiros que não atenderem a nenhum destes casos deverão solicitar um visto e comparecer a alguma missão diplomática mexicana no país (seja consulado ou embaixada) para realizar os procedimentos necessários. Lembrando que é preciso agendar previamente antes de comparecer a algum destes órgãos. Por isso, não deixe de consultar seus sites oficiais!

 

Além disso, turistas brasileiros devem ter em mãos os seguintes documentos:

  • Passaporte com pelo menos 6 meses de validade
  • Portar visto mexicano (para os casos em que não houve dispensa)
  • Passagens de ida e volta
  • Comprovante de hospedagem
  • Comprovante de ter meios financeiros suficientes durante toda a estadia

 

Leia também: Os hispanofalantes: Guatemala

 

Breve história do país

A história mexicana é vasta e cheia de detalhes, abarcando desde o período pré-colombiano até a atualidade. Justamente por isso, não seria possível fazer jus a ela em apenas um post. Sendo assim, vamos trazer aqui apenas alguns dos principais acontecimentos.

Antes da chegada dos espanhóis, o atual território mexicano já era habitado por diversas etnias indígenas, dentre as quais se destacam:

Olmecas: conhecidos por suas estátuas de cabeças gigantes, é considerada a cultura base da Mesoamérica

Maias: presentes em uma vasta porção de terra que também inclui os atuais El Salvador, Honduras, Guatemala e Belize, a civilização maia é uma das mais importantes do continente americano sendo famosa por seus avanços em áreas como a astronomia, engenharia e arquitetura. No México, este povo ocupou principalmente a Península de Yucatán.

Teotihuacanos: uma das civilizações mais avançadas de seu tempo, responsável pela construção de Teotihuacán, uma imponente cidade próxima à capital do país. Contando com diversos edifícios piramidais, o local também é reconhecido como Patrimônio Mundial pela UNESCO

Astecas: responsáveis por construir um poderoso império vigente do século XIV ao XVI, são famosos por sua capital Tenochtitlán, mesmo local onde hoje é a Cidade do México

Com a chegada dos espanhóis e mais precisamente de Hernán Cortés em 1519, alianças foram estabelecidas entre os europeus e povos indígenas inimigos dos astecas, o que, juntamente com a epidemia de doenças antes desconhecidas na região, pavimentaram o caminho para a queda de Tenochtitlán e o subsequente início da colonização espanhola. Chamado pelos colonizadores de Nova Espanha, o México permaneceu oficialmente como parte do Império Espanhol de 1521 até 1821 quando finalmente conquistou sua independência, após um longo período de guerra que teve início em 1810.

Os hispanofalantes: México

🇻🇪 Jose G. Ortega Castro 🇲🇽 via Unsplash

Os séculos XIX e XX, por sua vez, foram marcados por alguns dos eventos mais conhecidos da história mexicana. Após um breve período de império, o México seguiu como uma república a partir de 1824 até que Porfirio Díaz assumiu o país e instaurou uma ditadura que durou de 1876 até 1911. Pouco antes do seu fim, eclodiu a famosa Revolução Mexicana (1910-1920), um movimento social de base contra o governo de Porfirio Díaz que se tornou notável graças a figuras como Pancho Villa e Emiliano Zapata e teve como maior êxito a criação da Constituição mexicana de 1917, a qual ainda está vigente.

Atualmente, o posto de presidente é ocupado por Andrés Manuel López Obrador (AMLO). Contudo, em 1 de outubro o cargo será passado para Claudia Sheinbaum, afilhada política de AMLO e a primeira mulher do país a conquistar este feito.

 

Curiosidade 1: museus a céu aberto

Se você é da turma que gosta de história e de se aprofundar nos mistérios das civilizações antigas, então definitivamente o México não vai te decepcionar. Como visto no item anterior, o país já detinha uma rica história documentada muito tempo antes dos colonizadores europeus chegarem na região.

Os hispanofalantes: México

Marv Watson via Unsplash

Apesar de muito ter se perdido, o México ainda preserva vários monumentos estonteantes que nos dá uma pequena amostra de como era seu passado pré-colombiano e nos convida a fazer uma viagem através de locais que são verdadeiros museus a céu aberto.

Muitos deles, aliás, são reconhecidos como Patrimônios da UNESCO e atraem milhares de turistas todos os anos. Os mais famosos são os sítios arqueológicos de Chichén Itzá, Calakmul, Palenque e Uxmal da cultura maia, o Templo Mayor dos astecas e Teotihuacán da civilização teotihuacana. Porém, ainda há muito para se explorar como Monte Albán da cultura zapoteca, El Tajín da etnia totonaca, La Venta da cultura olmeca e por aí vai. Definitivamente é roteiro histórico que não acaba mais!

 

Curiosidade 2: os mariachi

Se você já viu alguma novela ou filme mexicano, muito provavelmente deve ter notado em algum deles um grupo musical com roupas bem características, portando sombreiros de abas largas e se apresentando ao som de melodias tradicionais. Trata-se de ninguém mais ninguém menos que os mariachis, músicos que performam o estilo musical de mesmo nome e se tornaram um dos principais representantes da cultura mexicana.

De acordo com as pesquisas mais recentes, a música mariachi nasceu por volta do século XVIII e mais provavelmente no estado mexicano de Jalisco, embora seus primeiros registros também remontem a outras localidades como Colima, Michoacán e Zacatecas. Nos seus primórdios, os músicos vinham de origens rurais humildes sem conhecimento musical formal, mas, graças à sua perspicácia auditiva, foram capazes de criar belas músicas que mesclavam elementos espanhóis com mexicanos tradicionais. Na época, estes grupos eram requisitados a tocar principalmente em festas populares, bem como em casamentos, batizados e até mesmo velórios. Ao longo do século XX, a música mariachi se popularizou pelo restante do país, muito por conta do rádio e da televisão, até o patamar atual como um dos símbolos mais famosos do México, o qual conquistou em 2011 um lugar na lista da UNESCO como Patrimônio Imaterial da Humanidade.

Os hispanofalantes: México

John Merideth via Wikimedia Commons

Nos dias de hoje, a música mariachi se diversificou bastante, adotando inclusive outros ritmos estrangeiros ao seu repertório. Por isso, é comum usar a denominação mariachi tradicional para as músicas que mantêm as raízes campesinas e o mariachi moderno. Entre os gêneros mais populares destacam-se o ranchero, bolero e corrido.

Para se formar um grupo de mariachi, é preciso de, no mínimo, três músicos, sendo que os instrumentos mais tradicionais são os violinos, violão, trompetes, vihuela (pequeno instrumento de cordas) e o guitarrón (semelhante a um violão grande). Contudo, atualmente outros instrumentos também podem ser adicionados como flautas, harpas e até acordeões. No vídeo abaixo, você pode conferir uma apresentação deste ritmo mexicano tão emblemático:

 

 

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Personalidade ilustre: Roberto Bolaños

Ano passado o blog da Cultura Espanhola dedicou um post exclusivo para tratar da vida e obra de um grande ícone mexicano, a pintora Frida Kahlo. Sendo assim, para este post decidimos tratar de outra figura lendária e muito amada aqui no Brasil: Roberto Bolaños, o nosso eterno Chaves. Porém, este é apenas um dos vários personagens criado por esse gênio das artes.

Roberto Mario Gómez Bolaños nasceu em 21 de fevereiro de 1929 na Cidade do México, filho do desenhista, ilustrador e pintor Francisco Gómez Linares com a secretária bilíngue Elsa Bolaños Cacho. O mundo das artes sempre esteve próximo a ele, porém em sua juventude decidiu estudar engenharia mecânica na Universidade Nacional Autônoma do México, curso este que largou sem completá-lo.

Os hispanofalantes: México

FREDDY AGURTO PARRA via Unsplash

Logo nos primeiros anos da década de 1950, Bolaños passou a se dedicar profissionalmente à área de comunicação, atuando como roteirista para rádio e televisão. Aliás, no México ele também é muito conhecido como “Chespirito”, diminutivo de pequeno Shakespeare e que alude ao seu talento como escritor de peças artísticas.

Por outro lado, sua estreia no ramo como ator ocorreu somente na virada de 1959 para 1960, sendo que seu primeiro sucesso veio em 1969 com o programa Los Supergenios de la Mesa Cuadrada, em que já contava com atores que posteriormente se tornariam bem conhecidos do público brasileiro como Ramón Valdés (intérprete de Seu Madruga), Maria Antonieta de las Nieves (Chiquinha) e Rúben Aguirre (Professor Girafales).

Em 1970, Bolaños conquistou um programa próprio, o que deslanchou a oportunidade para que seus personagens mais famosos fossem criados como Chapolin Colorado (1970) e Chaves (1972). Antes pertencentes a um único show, ambas as esquetes fizeram tanto sucesso que se dividiram em duas atrações independentes, cujo êxito não se limitou a México e Brasil, se estendendo também para os demais países da América Latina bem como Estados Unidos e Espanha e eternizando bordões até hoje repetidos como “sigam-me os bons” e “ninguém tem paciência comigo”. Para além destes queridos personagens, Bolaños é igualmente lembrado no México por outras criações como Chómpiras (Chaveco/Beterraba no Brasil), Doutor Chapatín e Chaparrón Bonaparte (Pancada Bonaparte).

Roberto Gómez Bolaños morreu em 28 de novembro de 2014 aos 85 anos em sua residência em Cancún. Inicialmente reportado que a causa foi por complicações respiratórias, a sua viúva Florinda Meza revelou em 2015 que seu falecimento de fato foi devido a consequências pela doença de Parkinson.

 

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Esperamos que tenha gostado do post de hoje. Nos vemos na próxima semana!

 

¡Hasta luego!

Esther Fuentes
Esther Fuentes