Dia dos Mortos: 5 curiosidades da festa | Cultura Espanhola
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Dia dos Mortos: 5 curiosidades da festa

No mês de outubro, o blog da Cultura Espanhola fez uma programação especial dedicada ao Halloween, mostrando, por exemplo, como a Espanha comemora essa data. Porém, talvez você esteja aí se perguntando: e o Dia dos Mortos no México?

Realmente, o Dia dos Mortos é um dos eventos mais significativos do período e normalmente é associado ao Halloween já que acontecem muito próximos um do outro e ambos têm uma pegada sobrenatural com a presença de espíritos e caveiras. Contudo, a icônica festa mexicana acontece de fato entre os dias 1 e 2 de novembro com raízes que remontam aos povos ameríndios, sendo, portanto, diferente do Halloween, cuja base é o Samhain celta.

Mesmo que a celebração de 2023 já tenha passado, ainda vale a pena conferir algumas curiosidades incríveis do Dia dos Mortos mexicano para que você possa se preparar como se deve para a próxima edição! Vamos lá, então?

 

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Flores de cempasuchil

Se você já viu alguma foto do Dia dos Mortos provavelmente percebeu que um certo elemento amarelo-alaranjado está quase onipresente na paisagem. Trata-se das flores de cempasuchil, planta nativa do México, cujas pétalas decoram tanto os altares em honra aos parentes falecidos quanto as ruas e calçadas das cidades.

Dia dos Mortos: 5 curiosidades da festa

Roger Ce via Unsplash

Na realidade, seu uso pode ser traçados desde os povos pré-hispânicos como os mexicas e os náuatles que associavam a cor amarela da flor ao Sol bem como a um símbolo de vida e morte. Assim, durante as homenagens aos mortos, caminhos com as pétalas de cempasuchil eram desenhados até chegar aos altares das casas como uma forma de direcionar as almas até o local correto. Como se percebe, tal tradição permanece inalterada até os dias atuais.

 

Altares

Outro componente indispensável para a festa é, evidentemente, o ponto de encontro onde os membros vivos e falecidos das famílias se reunirão. Os altares em honra aos mortos geralmente são estruturas grandes com vários níveis e contam com diversos objetos e oferendas específicas que se mesclam em um harmônico sincretismo religioso de tradições cristãs e indígenas.

Um destes itens são as já mencionadas flores de cempasuchil. Porém, também estão presentes velas e crucifixos, incensos de resina de copal, alimentos como pan de muerto e calaveras de azúcar, bandeirinhas e estátuas de caveiras, assim como água e sal. Estes dois últimos representam, respectivamente, a fonte da vida e o elemento purificador.

Dia dos Mortos: 5 curiosidades da festa

Roger Ce via Unsplash

Além destes símbolos mais genéricos, as oferendas de cada casa trazem algumas particularidades que as distinguem umas das outras como retratos dos seus entes queridos, objetos que pertenciam a eles, além de comidas e bebidas que apreciavam em vida. Tudo preparado com muito carinho para recebê-los da melhor forma possível em sua visita anual.

 

Desfile dos mortos

Este é um evento mais contemporâneo, mas nem por isso é menos interessante. Desde 2016, a Cidade do México, capital do país, celebra o Desfile dos Mortos, um grande espetáculo que atrai anualmente milhares de participantes entre nacionais e estrangeiros.

Dia dos Mortos: 5 curiosidades da festa

Roger Ce via Unsplash

Por acontecer antes das festividades tradicionais, normalmente entre os dias 29 e 31 de outubro, muitos se confundem achando que esta parada esteja celebrando o Halloween. Apesar de cair na mesma data, o festejo segue os mesmos preceitos do Dia dos Mortos original, isto é, homenagear e dar as boas-vindas aos entes queridos que retornarão para estar com os vivos.

E uma curiosidade inusitada. Você sabia que o Desfile dos Mortos na Cidade do México se deve, em grande parte, ao James Bond? Acontece que, por conta do sucesso do filme 007 Spectre (2015) que se passa na capital mexicana durante o Dia dos Mortos, o governo local decidiu aproveitar este entusiasmo para institucionalizar o evento como parte do seu calendário comemorativo. Bem legal, não?

 

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La Catrina

Como diria o poeta “a morte é democrática, já que, no fim das contas, loira ou morena, rica ou pobre, todo mundo acaba se tornando caveira”. Na verdade, o autor desta célebre frase foi o gravador e cartunista José Guadalupe Posada (1852-1913) que em 1873 criou a gravura de uma caveira feminina vestida em trajes finos da época. Inicialmente, a imagem foi chamada de La Calavera Garbancera e tinha como principal objetivo servir como uma crítica à sociedade mexicana mais abastada que desejava se parecer com os europeus e renegar às suas raízes indígenas. Para a base do seu trabalho, acredita-se que Posada se inspirou em Mictecacihuatl, deusa asteca da morte.

Dia dos Mortos: 5 curiosidades da festa

Miguel Gonzalez via Unsplash

Entretanto, a concretização desta figura como representação da morte e consequentemente do Dia dos Mortos só ocorreu após o muralista Diego Rivera (1886-1957), esposo de Frida Kahlo, pintá-la em sua obra Sueño de una tarde dominical en la Alameda Central. Aliás, foi graças ao artista que La Calavera Garbancera mudou seu nome para La Catrina.

Hoje em dia, La Catrina está entre os personagens mais queridos do Dia dos Mortos e uma das fantasias prediletas das mexicanas.

 

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Alebrijes

Por fim, este é outro elemento que, embora faça parte do folclore mexicano, não estava relacionado com o Dia dos Mortos originalmente.

De acordo com a cultura popular, os alebrijes são criaturas fantásticas que misturam diferentes partes de animais e atuam como guias espirituais. Existem algumas versões a respeito de sua criação, mas a mais difundida é a história de Pedro Linares, artesão de Oaxaca que um dia teria adoecido tanto a ponto de ficar acamado. Durante sua enfermidade, experenciou alguns sonhos esquisitos no qual estava em um bosque repleto de criaturas estranhas como um burro com asas e um leão com cabeça de cachorro, entre outros exemplares insólitos. No sonho, estes seres vinham até ele e gritavam “Alebrijes! Alebrijes!”

Dia dos Mortos: 5 curiosidades da festa

analuisa gamboa via Unsplash

Quando despertou, saiu imediatamente da cama e começou a produzir coloridos modelos destes animais sobrenaturais. Tão logo se sucedeu o processo de criação, os alebrijes ganharam a simpatia da comunidade local e mais tarde de todo o país. Com o tempo, eles também foram incluídos em alguns altares do Dia dos Mortos para atuarem como guias dos entes queridos falecidos. No entanto, sua relação mais notável com a festividade seja talvez por causa do Desfile de Alebrijes Monumentales que ocorre desde 2008 na Cidade do México.

 

Bônus: Viva – A vida é uma festa

De alguns anos para cá, o Dia dos Mortos tem aumentado sua popularidade, não somente por causa de James Bond, mas também devido ao enorme sucesso da animação “Viva – A vida é uma festa”, produzida pela Disney/Pixar e lançada em 2017.

Nesta história, o protagonista Miguel sonha em ser um músico, embora sua família, tradicionalmente formada por sapateiros, despreze tal escolha. Após um mal-entendido, Miguel é transportado ao mundo dos mortos durante o Día de Los Muertos e se vê inserido em uma jornada de autoconhecimento e reconexão repleta de aventuras, boas risadas e um belo toque de emoção.

Caso ainda não tenha visto essa obra-prima, nós a recomendamos muito! Só não se esqueça de ter em mãos uma caixinha de lenços porque, como é de praxe com os filmes da Pixar, a história é emocionante! Abaixo você pode conferir o trailer dublado para o espanhol latino-americano:

 

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E você, ficou também com vontade de visitar o México durante o Dia dos Mortos? Qual tradição você mais gostou?

 

Nos vemos em um próximo post!

 

¡Hasta luego!

Esther Fuentes
Esther Fuentes

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