Patrimônios espanhóis: Santiago de Compostela

Nos últimos posts sobre a série de patrimônios espanhóis nós exploramos algumas cidades de grande valor histórico como Ávila e Segóvia e o caso dessa semana é mais um exemplo ilustre. Desta vez, vamos até o noroeste da Espanha para trazer em mais detalhes as belezas e singularidades de um centro urbano que se desenvolveu através da fé e hoje em dia figura-se como uma das maiores peregrinações do mundo.

Assim, vamos fazer uma viagem até Santiago de Compostela e descobrir quais histórias ela tem para nos contar!

 

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Breve história da cidade

De acordo com estudos, a área que hoje corresponde a Compostela já abrigou no passado um povoado romano que foi habitado aproximadamente entre o século I e V d.C. Por algum motivo, este assentamento deixou de existir depois deste período, permanecendo lá apenas uma necrópole.

Assim, o renascimento da região como um núcleo habitacional só aconteceria no século IX. De acordo com a lenda, um eremita chamado Pelayo teria avistado luzes que apontavam para uma direção específica e chegando ao final do destino ele teria encontrado o que seriam os restos mortais do apóstolo de Jesus Cristo, São Tiago, bem como de dois dos seus discípulos.

A partir desta notícia, o rei asturiano Alfonso II (naquela época, a Península Ibérica já tinha sido ocupada pelos mouros e apenas o Reino das Astúrias ao norte se mantinha como uma região independente) ordenou a construção de uma igreja em honra ao santo católico. Aos poucos, o santuário foi crescendo em popularidade e consequentemente a cidade foi aumentando sua relevância política.

Entretanto, em agosto de 997 Compostela foi totalmente destruída pelo ataque de Almanzor, político e militar andalusi que esteve entre os membros mais importantes do Califado de Córdoba. Na ocasião, apenas o túmulo de São Tiago foi poupado. Com o gradual retorno dos habitantes, Santiago de Compostela foi se recuperando e se reconstruindo a partir do século XI, tendo como referência maior a catedral que hoje é o símbolo da cidade e permanecendo até os dias atuais como um dos principais locais de peregrinação da fé cristã.

 

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Os caminhos da fé

Como se pode notar, é impossível falar sobre a cidade sem mencionar o famoso e tão buscado Caminho de Santiago de Compostela, considerado uma das maiores rotas de peregrinação do mundo e definitivamente a maior da Europa. Como alguns dos seus caminhos também foram incluídos posteriormente na lista de patrimônios da UNESCO, eles serão tratados com mais detalhes em um texto futuro.

De qualquer modo, aqui no blog da Cultura Espanhola já falamos sobre esta importante caminhada religiosa. Por isso, se quiser matar um pouquinho da curiosidade antes de falarmos sobre o “Caminho Francês e as Rotas do Norte da Espanha”, você pode dar uma olhadinha no nosso texto “Caminho de Santiago: história e curiosidades”.

 

Processo de admissão na UNESCO

Em 1985, o centro velho de Santiago de Compostela foi incluído na lista de patrimônios da UNESCO após um longo processo de análise. Sua área protegida gira em torno de 107 hectares, compreendendo ainda uma zona tampão de mais ou menos 216 hectares que serve como meio de proteção para a preservação deste patrimônio.

Classificada como uma obra de “Valor Universal Notável”, a cidade velha foi reconhecida nesta célebre lista por atender aos seguintes critérios:

Critério (i): Em torno de sua catedral, que é uma obra-prima mundialmente reconhecida da arte românica, Santiago de Compostela conserva um valioso centro histórico, conhecido como uma das maiores cidades sagradas do cristianismo. Todas as correntes culturais e artísticas europeias, desde a Idade Média até os dias atuais, deixaram obras de arte extraordinárias em Santiago de Compostela.

Critério (ii): Durante os períodos românico e barroco, o santuário de Santiago de Compostela exerceu uma influência decisiva no desenvolvimento da arquitetura e da arte, não apenas na Galicia, mas também no norte da Península Ibérica.

Critério (vi): Santiago de Compostela está associada a um dos principais temas da história medieval. Das margens dos mares do Norte e Báltico, milhares de peregrinos carregando o símbolo da vieira e do cajado do peregrino caminharam, durante séculos, até o santuário galego pelos caminhos de Santiago de Compostela, verdadeiras estradas da fé.

 

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Monumentos e principais características

Tendo em vista que a cidade se tornou um dos maiores cartões-postais da fé cristã, é evidente que os principais monumentos do seu centro histórico são de natureza religiosa, mas também vale ressaltar que eles se mesclam a outros edifícios laicos que estão intrinsicamente envolvidos com o desenvolvimento deste centro urbano.

Assim, se você ainda não conhece Compostela, vale muito a pena começar por esses lugares:

• Catedral de Santiago de Compostela: ponto mais importante da cidade, é neste templo religioso que, de acordo com a tradição cristã, repousam os restos mortais de São Tiago, o Maior. A atual catedral foi construída entre 1075 e 1211 depois que uma antiga igreja neste local foi totalmente destruída por tropas muçulmanas no século X.

 Com o passar do tempo, a igreja medieval elaborada no estilo românico passou por diversas reformas e ampliações ao longo dos séculos XVI e XVIII, abarcando também elementos góticos e barrocos que trouxeram características únicas para este templo.

Atualmente, a Catedral de Santiago tem 100 metros de comprimento, por 70 de largura e 75 metros de altura em seu ponto mais alto. Suas principais atrações são o Pórtico de la Gloria, a capilla mayor, a Puerta Santa e a cripta sepulcral onde estão os restos de São Tiago e dois de seus discípulos. No vídeo abaixo, você pode conferir mais deste monumento tão exuberante!

 

Catedral de Santiago de Compostela – Drone Views

 

• Iglesia de San Félix de Solovio: segundo conta a tradição cristã, esta igreja está localizada onde originalmente residia Pelayo, eremita que teria encontrado os restos de São Tiago após ter sido guiado por luzes vindas do Céu. Também é creditada como a igreja mais antiga de Compostela, embora também tenha sido destruída e reconstruída em mais de uma ocasião
• Palacio de Rajoy/ Pazo de Raxoi: situado na Plaza del Obradoiro (mesmo local onde está a catedral), esta é a sede do governo compostelano bem como da Junta da Galicia (órgão responsável pela administração da comunidade). Fundado em 1766, o prédio possui uma estrutura tipicamente neoclássica e inicialmente foi construído para servir como um seminário a pedido do então arcebispo da cidade, Bartolomé Raxoi Losada
• Colegio de San Jerónimo: também presente na mesma praça, ele funcionava como um colegio menor (instituição de ensino que oferecia apenas cursos de graus menores como o ensino secundário chamado de bachillerato). Desde a década de 1980, funciona como a sede da reitoria da Universidad de Santiago
  

  PMRMaeyaert via Wikimedia Commons

• Hostal de los Reyes Católicos: outro célebre representante da Plaza de Obradoiro, este edifício foi fundado pelos Reis Católicos (Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão) e foi aberto ao público em 1499 como um abrigo para os peregrinos que finalizavam sua jornada até Compostela. Na atualidade, o local serve como um hotel que conserva com primor a beleza de outrora tendo como destaque especial seus pátios internos e sua capela
• Monasterio de San Martín Pinario: considerado o segundo maior templo religioso de Compostela atrás somente de sua Catedral, este mosteiro se sobressai na paisagem urbana principalmente por causa da sua fachada em típico estilo barroco
• Casa de la Parra: construído em 1683, este edifício de três andares apresenta elementos tipicamente barrocos e hoje em dia funciona como um centro de exposições da cidade

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Esperamos que tenha gostado de conhecer mais uma cidade espanhola que merecidamente ganhou seu lugar na lista de patrimônios da UNESCO.

O que você ficou com mais vontade de visitar? Depois conte para nós. Nos vemos na próxima semana!

 

¡Abrazos!