Outubro está batendo novamente à nossa porta e vocês sabem o que isso significa, não é? Estamos no mês do Halloween! É aquele período do ano em que coisas misteriosas estão mais propensas a acontecer e gostamos de compartilhar casos inexplicáveis envolvendo fantasmas, fenômenos paranormais e seres de outro mundo.
Pensando nisso, ao longo do mês a Cultura Espanhola fará uma programação especial em seu blog dedicada exclusivamente à temática do Halloween e de histórias assombradas.
E como pontapé inicial, vamos falar sobre um evento que aconteceu aqui no litoral do Brasil no começo do século passado e até hoje nos liga com a Espanha, seja por conta da enorme tragédia bem como pelos relatos sobrenaturais que se sucederam posteriormente.
Assim, vamos conhecer a história do Príncipe de Astúrias, também chamado por muitos como o “Titanic brasileiro”.
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O navio
Apesar de ter se tornado famoso por afundar no Brasil, o Príncipe de Astúrias, na realidade, era um navio espanhol construído em 1914 no Reino Unido e pertencente à companhia Pinillos Izquierdo. Nomeado em homenagem ao título que até hoje é conferido para o herdeiro do trono, o Príncipe de Astúrias era considerado a embarcação mais luxuosa da frota espanhola na época e guardava muitas semelhanças com o Titanic, protagonista do infame naufrágio ocorrido logo em sua viagem inaugural em 1912.
O Príncipe de Astúrias também era um robusto transatlântico feito de aço e tinha 150 metros de comprimento com duas hélices que o permitiam alcançar uma velocidade máxima de 33 km/h. Transportava tanto cargas quanto passageiros, sendo capaz de comportar em torno de 1.800 pessoas divididas entre primeira, segunda e terceira classes. Em seu interior, especialmente nas áreas reservadas aos mais abastados, a decoração era primorosa contando com peças importadas e uma variedade de espaços como salão de música, restaurante e biblioteca.
A rota
Ao contrário do Titanic, o Príncipe de Astúrias foi bem-sucedido em realizar outras viagens antes do naufrágio. A rota, que durava aproximadamente 30 dias, começava em Barcelona e seguia rumo ao Oceano Atlântico passando ainda na Espanha por Cádiz e as Ilhas Canárias, por Rio de Janeiro e Santos no Brasil, Montevidéu no Uruguai até chegar em Buenos Aires na Argentina, seu destino final. Em fevereiro de 1916, o transatlântico dava início a sua sétima e última travessia, sob o comando do capitão José Lontina.
A partir deste ponto, algumas informações ficam nebulosas. Oficialmente, o navio estaria transportando entre 588 e 654 indivíduos. Contudo, devido à Primeira Guerra Mundial que assolava a Europa naquele momento, muitos se esconderam entre as cargas do navio para fugir clandestinamente. Portanto, estima-se que o número real fosse muito maior chegando provavelmente a 1.000 pessoas a bordo.
Já entre as principais cargas transportadas, os porões do navio abrigavam 12 ou 20 estátuas de bronze que seriam instaladas em Buenos Aires como parte de um monumento para comemorar a independência argentina além de uma enorme quantidade de barras de ouro que ultrapassava 10 toneladas, mas cujo destinatário é desconhecido.
O naufrágio
Conta-se que os primeiros dias de viagem foram tranquilos sem nada de estranho a ser registrado. Porém, tudo mudou na virada do dia 4 para 5 de março de 1916 quando o Príncipe de Astúrias se aproximou de Ilhabela, cidade do litoral paulista a quase 200 km de Santos. Nesta madrugada, as condições climáticas estavam péssimas, obrigando a tripulação a manobrar um navio de grandes proporções sob forte chuva e neblina.
Para piorar, o fundo daquelas águas contém rochas ricas em magnetita que confundiam as bússolas e atrapalhavam ainda mais a navegação. Não à toa, esta particular característica rendeu à Ilhabela a infeliz alcunha de “Cemitério de Navios”, já que, além do Príncipe de Astúrias, outras embarcações padeceram pelo mesmo fim.
Voltando ao navio espanhol, aproximadamente às 4h da manhã houve um choque entre ele e uma barreira de corais na Ponta da Pirabura, o que abriu um rasgo em seu casco e evoluiu rapidamente para um naufrágio que se completou em impressionantes 5 minutos!
Evidentemente, por conta da velocidade do ocorrido, pouquíssimas pessoas tiveram tempo de escapar. Uma parte das que conseguiram estavam no convés graças ao final das comemorações do domingo de Carnaval, mas a maioria, por outro lado, não teve tanta sorte. Daquele número oficial, é apontado que somente 143 se salvaram enquanto 445 morreram. Contudo, por causa da elevada quantidade de clandestinos, certamente as perdas foram ainda maiores. Entre elas estaria o próprio capitão Lontina o qual, segundo alguns relatos, teria se suicidado. Seu corpo nunca foi recuperado.
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Escombros macabros
Como se pode imaginar, a tragédia com o Príncipe de Astúrias afetou toda a região nos dias subsequentes, mas seus efeitos podem ser sentidos até hoje, mesmo que em menores proporções.
Desde a época do naufrágio, alguns objetos foram recuperados e atualmente estão expostos no Museu Náutico de Ilhabela, sendo que alguns deles por si só já transmitem uma energia meio aterrorizante como roupas, talheres e bonecas. Porém, outros destroços ainda jazem no fundo do mar onde mergulhadores profissionais dizem ter presenciado situações bizarras.
Um dos relatos mais difundidos é o de Clécio Mayrink que em um de seus mergulhos relatou ter ouvido gritos de uma mulher em desespero. Outro companheiro de profissão, André Prado, compartilhou seu susto ao ser surpreendido com algo invisível puxando o seu pé.
Se entre os mergulhadores existem diversos testemunhos sinistros, os relatos em terra firme também não deixam nada a desejar.
Praia da Caveira
Fora do mar, o lugar apontado como palco para as manifestações paranormais é a Praia da Caveira, cujo nome já é bem sugestivo, embora existam diferentes explicações para ele.
Uma delas conta que, certa vez, um padre sepultou embaixo de uma figueira os corpos de pessoas escravizadas, vítimas de outro naufrágio. Em outra versão, piratas usariam aquela área para enterrar seus desafetos. Por fim, há quem diga que o nome veio mesmo em decorrência do acidente com o Príncipe de Astúrias, após a correnteza levar os corpos para aquele local. Seja verdade uma ou todas as opções, fato é que esta praia assusta muita gente.
Isto porque o ambiente é cercado de rumores desde vozes e gritos ao entardecer, barulhos de correntes sendo arrastadas e até aparições de espíritos e vultos. Coincidência ou não, ninguém mora naquele pedaço da ilha. E você, teria coragem?
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Já sabia sobre essa história tão triste e ao mesmo tempo tão apavorante que aconteceu aqui no Brasil? Arriscaria dar um pulinho lá na Praia da Caveira ou fazer um mergulho nas proximidades do navio? Depois conta para nós!
¡Hasta luego!