No último post sobre os hispanofalantes nós descobrimos mais sobre a Guatemala, compartilhando fatos históricos bem como algumas curiosidades do país. E neste mês vamos continuar na América Central, mas dessa vez nos focaremos em um de seus vizinhos que guarda dentro de si preciosidades que dificilmente serão encontradas em outros locais.
De ruínas maias até uma dança em celebração da paz, hoje vamos mergulhar mais na história e cultura de Honduras. Vamos lá?
Sugestão: Os hispanofalantes: Guatemala
Informações gerais
Nome oficial: República de Honduras
Capital: Tegucigalpa
Área: 112.090 km²
Tipo de governo: república presidencialista
População: 9.529.188 habitantes
Maiores cidades: 1) Tegucigalpa; 2) San Pedro Sula; 3) Choloma; 4) La Ceiba; 5) El Progresso
PIB total: $59,562 bilhões (estimativa de 2022)
PIB per capita: $5.700 (estimativa de 2022)
Principais produtos agrícolas: 1) cana-de-açúcar; 2) óleo de palma; 3) leite; 4) milho; 5) bananas
Principais indústrias: 1) açucareira; 2) café; 3) manufatura têxtil; 4) madeira; 5) charutos
Moeda: lempira hondurenha
Documentos de entrada para brasileiros: para turismo até 90 dias os cidadãos brasileiros não precisam solicitar visto. Apenas devem apresentar:
- Passaporte válido por no mínimo 6 meses e com pelo menos uma página em branco
- Comprovantes de voos de ida e volta
- Comprovante de hospedagem
- Comprovante de renda suficiente para se sustentar durante toda a estadia
- Apresentação do Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia (CIVP) contra febre amarela
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Breve história do país
Assim como ocorreu com os demais países da América Latina, o período pré-colombiano do então território hondurenho foi habitado por diversas etnias indígenas dentre as quais se destacam os náhuas, lencas, pech, chortis e maias. Aliás, é graças a este último grupo que Honduras é famosa por abrigar um dos sítios arqueológicos mais importantes da história americana: Copán, antiga cidade localizada próxima à fronteira guatemalteca e considerada o maior exemplar do período clássico maia ainda de pé.
Logo no início do século XVI, Cristóvão Colombo atracou na atual ilha de Guanaja em 1502. Porém, Gil González Dávila é quem se considera de facto como o primeiro a desembarcar no território hondurenho com o objetivo claro de lá permanecer. O local ainda passou por algumas expedições perpetradas por Hernán Cortés, sendo uma delas capitaneada pelo próprio conquistador. Em 1536, a ocupação foi finalizada por Pedro de Alvarado que englobou a região como parte do Império Espanhol.
Assim, Honduras permaneceu na condição de colônia até 1821 quando se juntou a outras colônias espanholas e demandou por sua independência, o que culminou na criação da República Federal da América Central em 1824. Como já mencionado nos posts referentes à Costa Rica, Guatemala e El Salvador, esta nova república não durou muito tempo e Honduras se estabeleceu como um país independente em 1838.
O século XX não se provou mais tranquilo para o país que teve que lidar com uma série de questões de ordem política, econômica e social. Algumas delas ocorreram por influência externa como a subjugação socioeconômica hondurenha em face dos interesses de grandes empresas dos EUA como a United Fruit Company ou a utilização do seu território como base para as operações militares americanas contra a Nicarágua durante a Guerra Fria.
Por outro lado, muitos dos desafios enfrentados por Honduras também partiram de uma origem interna e/ou regional. Entre elas, se sobressaem a Guerra de 1969 contra El Salvador, repetidos casos de governos ditatoriais bem como um golpe de Estado em 2009 que destituiu o presidente Manuel Zelaya e resultou, entre outras consequências, na suspensão de Honduras da OEA (Organização dos Estados Americanos), a qual foi readmitida somente em 2011 com a retomada de eleições presidenciais democráticas.
Desde janeiro de 2022, o país é governado por Xiomara Castro, esposa do ex-presidente Manuel Zelaya e a primeira mulher a ocupar o cargo máximo de governante no país.
Curiosidade 1: patrimônios da humanidade
Apesar dos muitos desafios que o país ainda enfrenta, Honduras também tem muito a oferecer para o enriquecimento da história e cultura mundiais. Um exemplo disso são justamente os seus Patrimônios da Humanidade reconhecidos pela UNESCO e que anualmente atraem vários turistas ao país.
Entre eles, um dos mais buscados é o já mencionado Sítio Arqueológico Maia de Copán, presente na lista desde 1980. De acordo com os historiadores e arqueólogos, a cidade pré-colombiana era habitada desde o século IX a.C. embora seu auge tenha sido entre os séculos V e IX d.C. Redescoberto por exploradores europeus no século XIX, Copán é até os dias atuais o maior sítio arqueológico maia do período clássico. A cidade é composta por um vasto complexo de templos e palácios, bem como estelas (placas de pedra detalhadamente esculpidas) e um grande estádio para o jogo de bola mesoamericano chamado de pitz em maia clássico.
O outro ilustre representante é a Reserva da Biosfera do Rio Plátano que foi incluída em 1982 no repertório da UNESCO e se caracteriza tanto como um tesouro histórico-cultural quanto natural do país.
Localizada no Caribe hondurenho, esta região transborda vida por seus 350 mil hectares de extensão (maior área protegida do país) e para se ter uma ideia da sua magnitude, basta saber que até o momento foram catalogadas 721 espécies de animais vertebrados que se espalham por 28 ecossistemas terrestres e 5 marinhos.
Além disso, a reserva também guarda riquezas culturais dos povos indígenas que lá habitam bem como segredos que ainda estão por serem compreendidos em sua totalidade. Talvez uma das descobertas arqueológicas mais notáveis dos últimos anos foi justamente na Reserva do Rio Plátano em 2015 quando pesquisadores da National Geographic, juntamente com estudiosos locais, encontraram evidências de uma civilização muito antiga que tinha uma cidade na região e que até então era considerada apenas uma lenda. Chamada de “Cidade Branca” ou “Cidade do Deus Macaco”, este é apenas um dos vários mistérios que a Biosfera do Rio Plátano esconde em suas entranhas.
Curiosidade 2: uma dança para a paz
Entre os indígenas da etnia lenca, há uma dança cerimonial de raízes antigas e anteriores ao período colonial cujo principal objetivo era exaltar a paz e a união entre diferentes comunidades. Tal tradição sobreviveu ao teste do tempo, permitindo que hondurenhos e estrangeiros possam ainda hoje se encantar com El Guancasco.
De acordo com estudiosos, antes dos espanhóis chegarem a Honduras os povos indígenas que ali viviam por vezes se enfrentavam em disputas por motivos diversos. Assim, para resolverem suas diferenças, os indígenas estabeleceram que os acordos de paz seriam firmados através de uma dança ritualística envolvendo ambas as comunidades até então antagonistas. Além do baile propriamente dito em que se faz alusão às forças do bem e do mal, na cerimônia do Guancasco também se realiza uma troca de comidas e bebidas entre os participantes como um sinal de boa fé.
A partir do período colonial, o sincretismo religioso influenciou o Guancasco que passou a incluir figuras do universo católico ao evento, os quais se tornaram patronos das comunidades participantes. Se você ficou curioso e gostaria de saber mais sobre esta interessante manifestação cultural, veja mais detalhes no vídeo abaixo:
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Personalidade ilustre: Aurelio Martínez
Conhecido artisticamente apenas como Aurelio, ele é um cantor, compositor, percussionista, guitarrista e político hondurenho nascido em 1969.
Originário de uma comunidade garífuna em Honduras (grupo étnico de mestiços africanos e ameríndios da região do Caribe), Aurelio se tornou um dos maiores expoentes da música garífuna juntamente com o belizense Andy Palacio. Possui uma ampla atuação na divulgação e preservação tanto da música quanto de outras manifestações culturais do povo garífuna, fato esse que lhe trouxe reconhecimento interno e externo, além de ser considerado Embaixador Cultural do povo garífuna.
Ademais do seu trabalho no meio artístico, Aurelio Martínez também serviu como congressista para o Congresso Nacional de Honduras de 2006 a 2010, sendo o primeiro garífuna a ocupar um posto no órgão legislativo máximo do país e mantendo como pauta principal a defesa dos direitos e preservação cultural da herança garífuna.
Abaixo, trouxemos para você uma música deste talentoso artista para que conheça melhor o trabalho dele:
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Esperamos que tenha gostado do post de hoje. Nos vemos na próxima semana!
¡Hasta luego!