Relembrando as Olimpíadas de Barcelona

Daqui a pouco dias pessoas ao redor do planeta estarão com seus olhos fixados em Paris para o início oficial dos Jogos Olímpicos, o principal e tão aguardado evento esportivo que a cada quatro anos reúne os maiores atletas do mundo para uma série de competições recheadas de determinação, superação e medalhas.

O Brasil já foi palco deste grande acontecimento em 2016, então sabemos bem como é a emoção de celebrar tamanho espetáculo. Porém, você sabia que a Espanha também teve essa honra? Isso ocorreu na cidade de Barcelona em 1992 e, apesar de ter sido há mais de 30 anos, suas pegadas ainda podem ser vistas na capital catalã.

Por isso, como aquecimento para os Jogos de Paris 2024, o blog da Cultura Espanhola vai apresentar a você uma retrospectiva da fantástica edição desta festa e que ficou para sempre na memória daqueles que a testemunharam.

 

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Processo seletivo e símbolos

Antes de se sagrar como a sede oficial da 25ª edição do evento, Barcelona tentou por três vezes ser escolhida e fracassou (1924, 1936 e 1940). No entanto, a sorte dos barcelonenses virou em 1986 quando finalmente foram anunciados como os vencedores do processo seletivo durante a 91ª sessão do Comitê Olímpico Internacional (COI) em Lausane (Suíça). Assim, ficou determinado que os Jogos Olímpicos aconteceriam na capital da Catalunha entre os dias 25 de julho e 9 de agosto de 1992, enquanto os Paralímpicos se realizariam entre 3 e 14 de setembro. Curiosamente, uma das cidades que estava na disputa nesta mesma época era Paris, a atual sede de 2024.

Para promover o evento, os organizadores divulgaram Cobi como o mascote oficial. Sendo seu nome uma referência ao Comitê Organizador Olímpico de Barcelona (COOB), Cobi foi obra do desenhista Javier Mariscal que se inspirou em um cão de montanha dos Pirenéus e o recriou com traços humanos sob o estilo cubista. Além dele, o emblema oficial dos jogos veio da mente do designer Josep Maria Trias e que aludia a uma figura humana simples que parecia “saltar” os aros olímpicos. A cabeça estava em um tom de azul (simbolizando o mar Mediterrâneo) enquanto os braços amarelos e as pernas vermelhas lembravam as cores da bandeira espanhola.

 

Barcelona 92 e o contexto internacional

Para além do aspecto esportivo, as Olimpíadas de Barcelona também são muito relevantes dentro de uma perspectiva histórica já que se coloca em uma época de transição significativa. Isso porque, enquanto a edição anterior (Seul 1988) ainda ocorreu com o mundo funcionando dentro da lógica da Guerra Fria, a de Barcelona foi a primeira a dar boas-vindas a uma nova configuração global, resultado de fatos marcantes como a queda do Muro de Berlim (1989) e a dissolução da União Soviética (1991). Justamente por causa destas mudanças, Barcelona se tornou a primeira Olimpíada desde 1972 a não sofrer nenhum boicote por parte da comunidade internacional.

Além disso, o evento contou com alguns retornos notáveis como a África do Sul, cuja última participação tinha sido em 1960 e desde então estava banida como punição pelo apartheid. Sua volta para a edição de 1992 foi possível graças à libertação de presos políticos como Nelson Mandela em 1990 e o resultado do referendo de março de 1992 que determinou o fim do regime de segregação. Outros países como Cuba, Coreia do Norte, Estônia, Letônia e Lituânia também regressaram, ao mesmo tempo que Croácia, Bósnia-Herzegovina e Eslovênia estrearam como nações independentes. As demais ex-repúblicas soviéticas competiram sob o nome de “Equipe Unificada”, embora foram usadas as bandeiras individuais de cada país para homenagear os medalhistas.

Por outro lado, a única grande polêmica foi o caso da então Iugoslávia que na época estava em guerra contra suas vizinhas e recém-criadas repúblicas dos Bálcãs. Criticada internacionalmente e pressionada por sanções, a Iugoslávia foi impedida de participar dos jogos, apesar de que seus atletas de esportes individuais puderam competir como “participantes olímpicos independentes”.

 

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Cerimônias e jogos

No dia 25 de julho de 1992 foram oficialmente abertos os Jogos de Barcelona no Estádio Olímpico Montjuic (agora intitulado Lluís Companys). Para saudar os atletas bem como o público, os organizadores elaboraram uma apresentação exuberante para a época e que contou com momentos especiais como a entrada de Dom Felipe (atual rei da Espanha) na função de porta-bandeira do país (na época o príncipe herdeiro competiu com a equipe de vela) assim como o acendimento da tocha olímpica através de uma flecha incandescente lançada pelo arqueiro paralímpico Antonio Rebollo.

As festividades também exibiram diferentes aspectos da cultura espanhola desde danças tradicionais como o flamenco e a sardana, músicas típicas, menções a pinturas famosas até apresentações em conjunto para contar um pouco da relação dos espanhóis com o Mar Mediterrâneo, partindo logo em seguida para o desfile das delegações.

Os jogos propriamente ditos também contaram com algumas novidades como a inclusão do badminton, judô feminino e beisebol para a competição de medalhas e a volta da canoagem slalom. Ao todo, 9.356 atletas de 169 países participaram em 257 eventos esportivos.

A Espanha conseguiu seu melhor resultado até os dias atuais com um total de 22 medalhas (13 de ouro, 7 de prata e 2 de bronze), conquistando o 6º lugar no quadro geral. O Brasil, por sua vez, terminou na 25ª colocação com duas medalhas de ouro (judô masculino e vôlei de quadra masculino) e uma de prata (natação masculino). Já as três primeiras posições ficaram com a Equipe Unificada (112 medalhas), os EUA (108 medalhas) e Alemanha (82 medalhas). No caso da equipe americana, o destaque foi para o Dream Team do basquete masculino que naquela edição trazia nomes de peso da NBA como Michael Jordan, Magic Johnson e Charles Barkley.

Por fim, a cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos aconteceu em 9 de agosto e também foi muito apreciada, tendo como um dos seus pontos altos a performance de “Amigos para Siempre” por Sarah Brightman e Jose Carreras. Poucos dias depois, Barcelona retornaria à agenda esportiva, desta vez para a realização da 9ª edição dos Jogos Paralímpicos.

 

Legado de Barcelona 92

Geralmente pensamos que a principal razão pela qual os países buscam trazer as Olimpíadas para seus territórios é apenas por uma questão de prestígio. Embora isso seja um fato importante, definitivamente não é o único já que a ideia é também desenvolver a própria cidade-sede. E no caso de Barcelona este intuito não somente foi visível como é até hoje considerado um modelo a ser seguido.

De acordo com algumas estatísticas, o investimento total em torno das Olimpíadas de Barcelona girou em torno de 3 milhões de pesetas, o que, calculando para o tempo atual, dá aproximadamente 18 milhões de euros. Um fato interessante é que, além dos projetos de infraestrutura como instalações desportivas, malha de transporte e rede de comunicações, Barcelona também promoveu o que foi chamado de “Olimpíada Cultural”. Assim, de 1988 a 1992 foram desenvolvidas diversas atividades de cunho artístico-cultural para que a cidade se dinamizasse também neste aspecto.

O resultado final foi uma verdadeira revitalização de Barcelona que garantiu a ela evoluir para o patamar que conhecemos hoje em dia como um dos centros urbanos mais dinâmicos e cosmopolitas da Espanha e da Europa.

 

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Se você não teve a chance de ver a abertura das Olimpíadas de Barcelona ou tem saudades e gostaria de revê-la, nós separamos o vídeo abaixo com alguns trechinhos desta festa tão especial. E você sabia que também é possível assisti-la na íntegra pelo canal oficial do Olympics? Para conferir, basta clicar aqui.

 

 

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Esperamos que tenha gostado do post de hoje e se animado para assistir à edição dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos deste ano em Paris. Nos vemos em um próximo post!

 

¡Un fuerte abrazo!