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Os hispanofalantes: Equador

A série dos hispanofalantes retorna à América do Sul e desta vez vamos falar de um dos poucos países do continente que não fazem fronteira com o Brasil, mas é muito conhecido por nós seja por seu icônico nome remeter à famosa linha que divide o hemisfério norte ao sul ou por conta de suas belas e exóticas paisagens.

Sendo assim, no post de hoje vamos falar um pouco mais do Equador, uma terra que, como vocês verão a seguir, fascinou exploradores e cientistas ao longo dos séculos. Vamos lá?

 

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Informações gerais

Os hispanofalantes: Equador

Azzedine Rouichi via Unsplash

Nome oficial: República do Equador

Capital: Quito

Área: 283.561 km²

Tipo de governo: república presidencialista

População: 17.483.326 (estimativa de 2023)

Maiores cidades: 1) Guayaquil; 2) Quito; 3) Cuenca; 4) Santo Domingo; 5) Ambato

PIB total: $189,88 bilhões (estimativa 2021)

PIB per capita: $10.700 (estimativa 2021)

Principais produtos agrícolas: cana-de-açúcar, bananas, leite, óleo de palma, milho, etc.

Principais indústrias: petróleo, comida processada, têxteis, produtos de madeira, produtos químicos, etc.

Moeda: dólar dos EUA (desde 2001)

Documentos de entrada para brasileiros: para aqueles que viajarem ao Equador por 90 dias ou menos não há necessidade de visto. No entanto, os turistas brasileiros precisam apresentar:

  • Passaporte válido com pelo menos 6 meses (devido às relações entre Equador e países do Mercosul, os brasileiros podem entrar em território equatoriano somente portando o documento de identidade. Porém, a missão diplomática brasileira no Equador recomenda que se mantenha a posse do passaporte)
  • Passagem aérea de ida e volta
  • Comprovação dos recursos financeiros durante toda a estadia
  • Comprovante de hospedagem
  • Comprovante de seguro-viagem (altamente recomendável)
  • Declaración de salud del viajero”, um formulário a ser preenchido online e entregue ao chegar no país

 

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Breve história do país

O território que hoje corresponde ao Equador já era habitado há milhares de anos por diferentes tribos indígenas que se organizavam em clãs. Porém, ainda durante o período pré-colombiano estas nações foram dominadas pelos Incas, provenientes do atual Peru, que anexaram a região ao seu domínio.

Quando a Espanha chegou à América do Sul no século XVI, os povos indígenas mais predominantes naquela área eram os incas bem como os quitus e os cañaris. Após anos turbulentos, o Império Inca caiu para os espanhóis, os quais oficialmente passaram a controlar o território equatoriano a partir de 1534.

Os hispanofalantes: Equador

Kiyoshi via Unsplash

Durante o período colonial, o atual Equador pertenceu ao Vice-reinado do Peru. No entanto, a partir do século XIX movimentos independentistas surgiram e se espalharam por toda América Latina. No Equador, os primeiros lampejos rumo a esta nova realidade se desenharam na proclamação da Junta Soberana de Quito em 1809, embora ela tenha sido fortemente reprimida. Uma nova tentativa ocorreu em 1820, mas foi somente em 1822 que o Equador realmente conseguiu se autoafirmar como uma nação independente, contando com o aparato militar de Simón Bolívar.

Os anos seguintes à independência do Equador, entretanto, não foram tranquilos já que o país sofreu diversas instabilidades sociopolíticas como regimes ditatoriais, guerra civil bem como confrontos armados com seus vizinhos Peru e Colômbia por questões fronteiriças. Atualmente, o presidente Daniel Noboa declarou que o país enfrenta um conflito armado interno entre as forças estatais e grupos criminosos ligados ao narcotráfico.

Apesar do cenário dramático no campo da segurança, o Equador possui uma bela e rica que cultura que merece ser conhecida como apresentaremos a seguir.

 

Curiosidade 1: a linha do Equador

Esta é uma dúvida muito comum que ronda a mente de muitos estudantes na aula de geografia. Afinal, a famosa linha imaginária que corta o globo terrestre entre norte e sul tem alguma relação com este país latino-americano? Bem, sim e não.

A palavra “equador” tem origem do latim e significa “o que iguala”. Durante os séculos XVII e XVIII, havia um caloroso debate científico na Europa acerca das dimensões da Terra e quase uma obsessão entre os europeus de realizar expedições grandiosas para mapear o mundo. Assim, exploradores franceses rumaram para a cidade equatoriana de Cuenca (naquela época ainda colônia da Espanha) em 1735 para realizar os cálculos necessários que determinariam o verdadeiro formato do planeta.

Comparando com os resultados de uma outra expedição feita na Finlândia em 1736, a Academia Francesa de Ciências pode concluir que a Terra é redonda e achatada nos polos. Considerando a importância que o território teve para essa descoberta, após a independência decidiu-se nomear o país justamente de Equador. Além disso, um monumento foi erguido para celebrar o feito dos exploradores franceses em 1981, sinalizando o local que segundo eles a linha do Equador passava.

Os hispanofalantes: Equador

Medios Públicos EP via Wikimedia Commons

Foi somente no século XXI com o auxílio de equipamentos mais modernos que pode-se constatar que o marco conhecido como Ciudad Mitad del Mundo, na realidade, não está exatamente na latitude 0°0’0’’ (0 graus, 0 minutos e 0 segundos), mas sim alguns metros mais ao norte.

Apesar da surpresa, os indígenas Quitu-Cara, que há milhares de anos atrás já habitavam a região e faziam repetidas observações do céu noturno, sabiam da localização correta. Isto se comprova pela existência de Catequilla, um observatório localizado no vale de Pomasqui e que pode ser visitado até os dias atuais. De acordo com os estudiosos, Catequilla é o único monumento pré-colombiano conhecido a realmente estar localizado na linha do Equador.

 

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Curiosidade 2: o arquipélago que inspirou Darwin

Alguns anos após a expedição francesa, o Equador foi novamente palco de uma grande transformação no mundo da ciência, sendo dessa vez protagonizado por ninguém menos que Charles Darwin.

Relembrando as aulas de biologia do colégio, sabemos que Darwin foi um naturalista e biólogo britânico mundialmente conhecido por sua teoria da seleção natural. Porém, o que talvez nem todos saibam é que foi uma localidade equatoriana a responsável por dar a Darwin o pontapé inicial para sua ideia mais brilhante.

Os hispanofalantes: Equador

Magdalena Kula Manchee via Unsplash

Tudo começou em dezembro de 1831 quando o cientista, na época com 22 anos, foi convidado a participar da expedição do navio HMS Beagle que zarparia com o objetivo de realizar um levantamento topográfico do planeta. Enquanto estava no continente sul-americano e mais precisamente no arquipélago equatoriano de Galápagos, Darwin foi confrontado por uma curiosa situação.

Entre outros animais analisados, o cientista se focou nas tartarugas e como cada ilha apresentava exemplares com cascos completamente diferentes. Após alguns estudos e observações, Darwin entendeu que cada ilha trazia desafios distintos às tartarugas dependendo de suas características próprias (por exemplo, algumas ilhas eram mais secas enquanto outras, mais úmidas). Assim, as tartarugas em cada uma das ilhas tiveram que se adaptar ao ambiente em que estavam e somente aqueles indivíduos que já detinham as características adequadas para lidar com as necessidades locais eram capazes de sobreviver, enquanto os demais pereciam.

Esta constatação foi de suma importância para Darwin elaborar sua teoria a qual ele explicou em mais detalhes no seu livro mais famoso “A Origem das Espécies”. Ao mesmo tempo, esta descoberta colocou Galápagos de vez no mapa, atraindo com sua fama tanto cientistas quanto entusiastas da biologia.

 

Personalidade ilustre: Alfredo Pareja Diezcanseco

Alfredo Pareja Diezcanseco foi um escritor e historiador equatoriano nascido em Guayaquil no dia 12 de outubro de 1908. Inicialmente pertencente à classe alta guayaquilenha, Pareja testemunhou a queda financeira de sua família quando ainda era muito novo, o que o obrigou a trabalhar já aos 14 anos. Pelo fato de estar inserido em uma região mais periférica e com muitas necessidades, o jovem Pareja se sentiu naturalmente atraído por temas ligados à justiça social, sendo que o infame episódio conhecido como “La masacre de los obreros de 1922” foi citada por ele próprio como o primeiro incentivo para suas criações literárias.

No entanto, antes se dedicar profissionalmente à literatura (e mesmo depois), Pareja trabalhou em várias ocupações sendo algumas delas como marinheiro em um navio rumo a Nova York, professor de espanhol, professor de história e até mesmo Chanceler do Ministério das Relações Exteriores do Equador.

Os hispanofalantes: Equador

Valerius Tygart via Wikimedia Commons

Com relação à sua produção literária, Pareja escreveu diversos romances e contos os quais expressam claramente sua preocupação para com os principais temas sócio-políticos que afligiam o Equador tal como pobreza e desigualdade social. Além disso, também fez parte do Grupo de Guayaquil, um movimento de escritores cuja literatura apresentava um forte cunho social. Entre as principais obras de Pareja destacam-se “El muelle” “Las tres ratas” e “Baldomera”.

Alfredo Pareja Diezcanseco faleceu na capital Quito em maio de 1993 aos 84 anos por complicações cardíacas. Mesmo após sua morte, ele não somente continua sendo muito estudado e reverenciado nos círculos literários como também é considerado um dos principais escritores equatorianos do século XX.

 

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Esperamos que tenha gostado do post de hoje e conhecido um pouco mais do nosso vizinho sul-americano. Nos vemos na próxima semana!

 

¡Hasta luego!

Esther Fuentes
Esther Fuentes

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