No mês passado, iniciamos uma nova série aqui no blog da Cultura Espanhola com o objetivo de divulgar e aprender mais sobre os países que têm o espanhol como seu idioma oficial. Seguindo a lista em ordem alfabética, hoje vamos falar de outro vizinho brasileiro: a Bolívia.
Encravado no coração da América do Sul, o Estado Plurinacional da Bolívia é uma terra repleta de variedades que comporta em seu território desde as florestas úmidas da Amazônia até o maior deserto de sal do mundo, do pantanal boliviano até altos picos da Cordilheira dos Andes.
Do ponto de vista humano, a Bolívia também apresenta uma enorme diversidade cultural. Sendo o país da América Latina com a maior proporção de população indígena entre seus habitantes, o diversificado conhecimento fornecido por cada uma das nações originárias contribuiu para que este país se desenvolvesse de uma maneira única no mundo.
Sendo assim, siga com a gente e vamos conhecer mais sobre nossos vizinhos bolivianos!
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Informações gerais
Para começarmos nosso papo, vamos nos inteirar de algumas informações básicas do país que podem ajudar os futuros visitantes:
Nome oficial: Estado Plurinacional da Bolívia
Capital: La Paz (capital administrativa); Sucre (capital constitucional)
Área: 1.098.581 km²
Tipo de governo: república presidencialista
População: 12.186.079 habitantes (estimativa 2023)
Maiores cidades: 1) Santa Cruz de la Sierra; 2) El Alto; 3) La Paz; 4) Cochabamba; 5) Sucre
PIB total: $ 97,266 bilhões (2021)
PIB per capita: $ 8.100 (2021)
Principais produtos agrícolas: cana-de-açúcar, soja, batata, milho e sorgo
Principais indústrias: mineração, fusão, eletricidade, petróleo, comida e bebida
Moeda: boliviano
Documentos de entrada para brasileiros: de acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, turistas brasileiros não necessitam de visto para entrar na Bolívia, mas devem apresentar um passaporte válido ou RG original com data de emissão inferior a 10 anos e com uma foto identificável e bem fiel à sua aparência atual
Breve história do país
Antes da dominação espanhola, o território que hoje corresponde à Bolívia já era habitado por diversas nações indígenas, muitas delas responsáveis por construírem grandes assentamentos e monumentos avançados para a época.
Entre eles, a civilização Tiwanaku (Tiahuanacu ou Tihunaco), que também esteve presente em áreas do Chile e Peru, foi uma das primeiras a se estabelecer no altiplano boliviano há mais de mil anos atrás. Sua marca pode ser observada ainda hoje no sítio arqueológico de Tiwanaku próximo à La Paz.
Uma outra civilização pré-colombiana mais conhecida foram os Incas. Apesar de estar mais ligado à imagem do Peru, o Império Incaico, existente entre 1438 e 1533, também ocupou grandes porções do território boliviano.
A partir do século XVI, a Bolívia se tornou uma colônia espanhola, conquistando sua independência somente em 1825. Durante este período, um dos principais agentes foi Simón Bolívar, o qual também inspirou o nome do país. Reverenciado como o principal líder da descolonização da América Hispânica, Bolívar é até hoje muito prestigiado na política boliviana, sendo que atuou brevemente como presidente do país entre agosto e dezembro de 1825.
Atualmente, este cargo é ocupado por Luis Arce desde 2020.
Curiosidade 1: um país, muitas línguas
Como se pode perceber, a presença indígena na Bolívia é grande. Naturalmente, esta influência também se mostraria na comunicação e linguagem usada por seus habitantes.
Apesar de terem sido subjugadas no passado, desde 2009 a Bolívia reconhece não somente o espanhol, mas também as 36 línguas dos povos bolivianos originários como idiomas oficiais, sendo quéchua, aimará e guarani os mais falados. Aliás, por lei desde 2015 os servidores públicos do país devem saber se comunicar em pelo menos uma língua nativa, além do espanhol.
Falando mais sobre o espanhol em si, é possível notar algumas variações deste idioma ao longo do país a depender da região. Neste caso, os principais dialetos são os: andino, camba, chapaco e vallegrandino, os quais, na maioria das vezes, incluem palavras de origens indígenas.
Na verdade, é interessante notar que este fato não é exclusivo da Bolívia já que parte do vocabulário usado por outros hispanofalantes também são de raiz indígena como “condor” (ave típica andina) ou “cancha” (quadra/campo), ambos provenientes do quéchua.
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Curiosidade 2: cenário de ficção científica
Talvez um dos cartões-postais mais famosos da Bolívia nos dias atuais seja o Salar de Uyuni, o maior e mais surpreendente deserto de sal do mundo. Mas você sabe as histórias por trás dele?
De acordo com os estudos mais atualizados, a formação do Salar ocorreu há cerca de 40 mil anos atrás devido à evaporação de lagos pré-históricos como os Minchin e Poopó. Atualmente, estima-se que o local contenha mais de 10 bilhões de toneladas de sal que se distribuem por mais de 10 mil km² a uma altura de aproximadamente 3.600 metros acima do nível do mar!
Há também uma lenda local que explica o aparecimento do deserto. De acordo com esta versão, o vulcão Tunupa, uma mulher que podia falar e caminhar, se enamorou de um homem chamado Kusku, o qual também estava apaixonado por ela. Os dois se casaram e viviam felizes juntos até que chegou na região uma jovem, Kusuña, que teria roubado o coração de Kusku.
Os amantes decidiram fugir e Kusku levou também consigo o filho recém-nascido de Tunupa. Desolada pela perda, Tunupa teria chorado tanto que suas lágrimas misturadas ao leite materno inundaram toda a terra ao entorno que ficou branca e salgada.
Independente da explicação para o fenômeno, fato é que o Salar parece um verdadeiro cenário de ficção científica, apresentando duas paisagens bem distintas ao longo do ano. Enquanto no período de seca (abril a outubro) se observa toda a imensidão branca do Salar, é no período de chuva (novembro a março) que ele se transforma em um verdadeiro espelho d’água. Em ambas as opções, a experiência é espetacular!
Personalidade ilustre: Oscar Alfaro
Passando para o mundo das artes, uma das grandes personalidades bolivianas que ocupa um merecido espaço na literatura é Oscar Alfaro, poeta, escritor, jornalista e professor reconhecido principalmente por suas obras infantis e juvenis.
Nascido em San Lorenzo em 5 de setembro de 1921, Alfaro iniciou seus estudos em Direito na Universidad Mayor de San Simón, mas não chegou a concluir o curso, trabalhando posteriormente como professor de espanhol e literatura, além de atuar como produtor do programa “La República de los Niños” na rádio Illimani.
Dentre seus trabalhos destacam-se as poesias que se subdividiam em micro-poemas, poema-fábulas, poesia social, de amor e humorística, dedicando-se também a outros gêneros como o narrativo e dramático. Chamado de “O Príncipe da Poesia para as Crianças”, Alfaro teve vários dos seus poemas transformados em canções e é considerado até hoje um clássico da literatura infantil boliviana.
Faleceu em 25 de dezembro de 1963 com apenas 42 anos de idade. Porém, sua viúva se empenhou em difundir suas obras e manter viva sua memória e seu legado.
Dica de documentário
Caso tenha se interessado e queira conhecer mais sobre este país tão multifacetado, veja a seguir o documentário de MFBARROS feito para o Youtube e que traz um belo olhar sobre a região do altiplano boliviano:
Sabia de todas estas curiosidades sobre a Bolívia? O multiculturalismo deste país andino ainda é pouco conhecido pelos brasileiros, mas com certeza vale muito a pena de ser visto mais a fundo. Quem sabe você também possa fazer isso em uma próxima viagem?
Esperamos que tenha gostado do post de hoje e nos vemos no próximo!
¡Hasta luego!
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