Picasso: curiosidades por trás do gênio | Cultura Espanhola
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Picasso: curiosidades por trás do gênio

Um dos artistas mais reverenciados do século XX, autor de quadros atemporais, politicamente engajado e com uma vida pessoal digna dos mais célebres romances. Pablo Picasso definitivamente foi bem-sucedido em deixar sua marca no mundo ao longo dos seus mais de 90 anos de existência e 78 anos de produção artística, a qual gerou mais de 15 mil obras!

Tendo em vista esta magnitude, é ilusório pensar que em apenas um texto poderíamos desmembrar todas as nuances deste personagem tão emblemático.

Entretanto, considerando a mais nova exposição imersiva sobre o mestre espanhol que chegou este mês a São Paulo, a Cultura Espanhola pensou em apresentar a vocês um pouco sobre a vida e obra deste expoente do modernismo europeu de forma a servir como uma boa preparação para aqueles que queiram apreciar seu trabalho mais de perto. Vamos lá?

 

Infância e juventude

Nascido em Málaga no dia 25 de outubro de 1881 com impressionantes 23 nomes (Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz Picasso, de acordo com sua certidão de nascimento), Picasso é o filho mais velho de José Ruiz y Blasco e María Picasso López, os quais ainda tiveram mais duas filhas, Dolores e Concepción.

O mundo artístico se apresentou bem cedo em sua vida, já que seu próprio pai era professor de desenho na Real Academia de Bellas Artes de San Telmo. De fato, seu primeiro quadro no estilo óleo sobre a tela, El picador amarillo, foi feito quando o menino tinha somente oito anos de idade.

Durante sua infância e adolescência, Picasso morou em diferentes partes da Espanha como La Coruña e Barcelona, desenvolvendo gradualmente seu estilo artístico. Prova de seu talento precoce está na realização de sua primeira exposição na cidade galega aos 13 anos e sua posterior admissão na Escola de Belas Artes de Barcelona em 1895 aos 14 anos.

Segundo apontado por especialistas, os primeiros trabalhos de Picasso primavam por um forte realismo bem como a ênfase em personagens do cotidiano e cenas representativas da fé católica.

Esta preferência, contudo, iria se alterar paulatinamente e as novas vertentes adotadas por Picasso o colocaria futuramente entre os grandes nomes da vanguarda europeia.

 

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Tristeza profunda: a Fase Azul

Em 1900, Picasso mudou-se para Paris, o epicentro da efervescência artística europeia, e lá pode aprimorar ainda mais seus trabalhos a partir das novas discussões que tomavam palco.

Aliás, foi também nesta época em que ocorreu um dos períodos mais característicos de sua vida: a fase azul (1901-1904). Estes anos foram marcados por uma tristeza profunda do artista tanto pelas próprias dificuldades financeiras que passava quanto pelo trágico suicídio de seu amigo, o também pintor e poeta Carles Casagemas.

Seu desconsolo foi então transmitido em diversas obras, cuja paleta de cores em tons azuis era um elemento de praxe (tradicionalmente, o azul está ligado a sentimentos de dor e melancolia). Para além da escolha de cor, a temática dos quadros também era triste, representando normalmente membros marginalizados da sociedade em situações de sofrimento e solidão.

 

Retorno à alegria: a Fase Rosa

Em 1904, uma reviravolta aconteceu na vida de Picasso, retirando o artista de sua desolação e introduzindo-o na chamada fase rosa (1904-1907). Dentre as possíveis causas, acredita-se que o principal propulsor desta nova etapa foi provavelmente a paixão despertada no pintor pela modelo Fernande Olivier. Assim, a felicidade que experimentava no campo pessoal também foi identificada em seus trabalhos.

Neste período, nota-se a presença de tons mais quentes como rosa, laranja e vermelho. Os personagens centrais de suas obras ainda são pessoas mais à margem da sociedade, mas dessa vez se encontravam em ambientes mais alegres. Nesta fase, as figuras do Arlequim e de artistas de circo são particularmente recorrentes.

 

Novas influências: a Fase Africana

Durante sua estadia em Paris, Picasso esteve em contato com diversas culturas e formas de fazer arte. Neste tempo, a arte das máscaras africanas subsaarianas gerou um particular fascínio no artista, sendo possível identificar este estilo em uma série de obras como seu próprio autorretrato de 1907.

Picasso: curiosidades por trás do gênio

Quadro Les Demoiselles d’Avignon em exibição no MoMA (Nova York) Johnell Pannell via Unsplash

Assim, a chamada fase africana se estendeu de 1907 até 1909 e, para além da influência africana, contou também com inspirações vindas da antiga arte dos povos ibéricos de sua terra natal.

Este período é igualmente denominado como protocubismo, no qual já era possível perceber formas mais geométricas e angulosas nas suas obras bem como a abdicação da ideia de profundidade em favor de um achatamento do espaço. Por isso, entende-se que essa fase exerceria um papel de transição entre as anteriores e o novo movimento que Picasso fundaria.

 

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Revolucionando as artes: o Cubismo

Tendo em conta o caminho trilhado, Picasso conseguiu reunir todo o arcabouço teórico e prático colhido até então para, juntamente com seu amigo Georges Braque, criar um dos movimentos mais representativos do Modernismo europeu: o Cubismo.

Dividido em cubismo analítico (1909-1912) e cubismo sintético (1912-1919), esta nova maneira de produzir arte primava pelo uso de formas geométricas e a defesa por perspectivas múltiplas das pessoas e objetos. Isto é, eles não seriam mais retratados em apenas um ângulo, mas sim em vários pontos de vista ao mesmo tempo, uma ideia original que quebrou os padrões estéticos da época.

Nas suas características particulares, o cubismo analítico se apresenta em paletas monocromáticas e com a máxima fragmentação das formas. Já o cubismo sintético traz uma suavizada nesta desintegração e introduz outros métodos às obras como a colagem.

 

Obras-primas e curiosidades

Dentre a infinidade de trabalhos produzidos por Picasso, Les Demoiselles d’Avignon e Guernica são indubitavelmente suas principais referências. Por isso, que tal conhecer algumas curiosidades sobre estas pinturas?

 

Les Demoiselles d’Avignon

  • Entendida como a base para a 1ª fase do cubismo
  • Considerada uma ruptura dos padrões artísticos de espaço
  • Alguns dos rostos foram inspirados na estética de máscaras africanas enquanto outros foram influenciados pela arte ibérica
  • Inicialmente, o quadro foi rechaçado inclusive por outros representantes do meio artístico
  • Atualmente o quadro está exposto no MoMA em Nova York

 

Guernica

  • Encomendado pelo então governo republicano durante a Guerra Civil Espanhola
  • A princípio, o pintor considerava fazer um tema mais neutro. Contudo, ao saber da notícia sobre o bombardeio contra o vilarejo de Guernica, Picasso mudou de ideia. Até hoje, a obra é um dos grandes símbolos antiguerra
  • Guernica é um grande mural com 3,49 metros de altura por 7,77 metros de comprimento nas tonalidades preto, branco e cinza
  • Pela vontade do próprio Picasso, Guernica não deveria ser levada à Espanha enquanto um regime ditatorial governasse o país
  • Com a redemocratização espanhola, o quadro finalmente foi entregue em 1981 e atualmente pode ser visto no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia em Madri
Picasso: curiosidades por trás do gênio

Reprodução do quadro Guernica em azulejos na cidade de Guernika-LumoPapamanila via Wikimedia Commons

 

Espero que tenham gostado do post de hoje e se inspirado a conhecer mais sobre este artista tão multifacetado que é Pablo Picasso.

 

¡Hasta luego!

 

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Esther Fuentes
Esther Fuentes